Sintaxe da linguagem visual de Donis A. Dondis é um livro que aborda os fundamentos do alfabeto visual trazendo uma rica visão sobre técnica e design.
Além disso, a obra aborda como sua compreensão é importante tanto para quem consome quanto para quem produz o conteúdo.
Com uma linguagem acessível e exemplos práticos, a obra apresenta quais são os recursos fundamentais que qualquer designer deve dominar ao desenvolver seus artefatos e soluções.
Além da excelente visão sobre o teor técnico da atividade, Dondis ainda traz uma reflexão sobre a importância da expansão desse conhecimento técnico para que mais pessoas possam fluir melhor e aproveitar mais profundamente o conteúdo ao redor.
Para fechar, o texto ainda apresenta como as noções básicas da atividade do design se desdobra nas principais funções exercidas por esse profissional no nosso mundo contemporâneo.
Com certeza a Sintaxe da linguagem visual é uma obra clássica e importante para a biblioteca pessoal de qualquer profissional que trabalhe com comunicação visual nos mais diversos meios possíveis e não poderia faltar aqui como uma das dicas de livro.
Citações selecionadas de Sintaxe da linguagem visual
“O resultado final é a verdadeira manifestação do artista. O significado, porém, depende das respostas do espectador, que também modifica e interpreta através da rede de seus critérios subjetivos” (DONDIS, 2015, p. 31).
“A mais importante influência tanto psicológica como física sobre a percepção humana é a necessidade que o homem tem de equilíbrio, de ter os pés firmemente plantados no solo e saber que vai permanecer ereto em qualquer circunstância, em qualquer atitude, com um certo grau de certeza” (DONDIS, 2015, p. 32).
“Em termos mais simples, os elementos visuais que se situam em áreas de tensão têm mais peso do que os elementos nivelados. O peso, que nesse contexto significa capacidade de atrair o olho, tem aqui uma enorme importância em termos do equilíbrio compositivo” (DONDIS, 2015, p. 41).
“[…] o homem tem necessidade de construir conjuntos a partir de unidades; nesse caso, a necessidade é ligar os pontos de acordo com a atração dos mesmos [e quanto mais próximos maior a atração]. Foi esse fenômeno visual que levou o homem primitivo a relacionar os pontos de luz das estrelas a formas representacionais” (DONDIS, 2015, p. 45).
“O olho procura uma solução simples para aquilo que está vendo, e, embora o processo de assimilação da informação possa ser longo e complexo, a simplicidade é o fim da busca” (DONDIS, 2015, p. 48).
“A linha descreve uma forma. Na linguagem das artes visuais, a linha articula a complexidade da forma. Existem três formas básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero” (DONDIS, 2015, p. 57).
“A partir de combinações e variações infinitas dessas três formas básicas, derivamos todas as formas físicas da natureza e da imaginação humana” (DONDIS, 2015, p. 59).
“Todas as formas básicas expressam três direções visuais básicas e significativa: o quadrado, horizontal e vertical; o triângulo, a diagonal; o círculo, a curva” (DONDIS, 2015, p. 59).
“Em outras palavras, vemos o que é escuro porque está próximo ou se sobrepõe ao claro, e vice-versa” (DONDIS, 2015, p. 61).
“[…] a sensibilidade tonal é básica para nossa sobrevivência. Só é superada pela referência vertical-horizontal enquanto pista visual do relacionamento que mantemos com o meio ambiente” (DONDIS, 2015, p. 64).
“Enquanto o tom está associado a questões de sobrevivência, sendo portanto essencial para o organismo humano, a cor tem maiores afinidades com as emoções” (DONDIS, 2015, p. 64).
“Matiz ou croma, é a cor em si, e existe um número superior a cem […] Existem três matizes primários ou elementares: amarelo, vermelho e azul […] O amarelo e o vermelho tendem a expandir-se; o azul, a contrair-se” (DONDIS, 2015, p. 65).
“A segunda dimensão da cor é a saturação, que é a pureza relativa de uma cor, do matiz ao cinza” (DONDIS, 2015, p. 66).
“A terceira e última dimensão da cor é a cromática. É o brilho relativo, do claro ao escuro, das gradações tonais ou de valor” (DONDIS, 2015, p. 66).
“A textura é o elemento visual que com frequência serve de substituto para as qualidades de outro sentido, o tato” (DONDIS, 2015, p. 70).
“Existem fórmulas de proporção nas quais a escala pode basear-se; a mais famosa é a seção áurea grega, uma fórmula matemática de grande elegância visual. Para obtê-la, é preciso seccionar um quadrado e usar a diagonal de uma de suas metades como raio, para ampliar as dimensões do quadrado, de tal modo que ele se converta num retângulo áureo” (DONDIS, 2015, p. 73).
“A representação da dimensão em formatos bidimensionais […] depende da ilusão. A dimensão existe no mundo real […] Mas em nenhuma das representações bidimensionais da realidade, como o desenho, a pintura, a fotografia, o cinema e a televisão, existe uma dimensão real; ela é apenas implícita” (DONDIS, 2015, p. 75).
“Como no caso da dimensão, o elemento visual do movimento se encontra mais frequentemente implícito do que explícito no modo visual. Contudo, o movimento talvez seja uma das forças visuais mais dominantes da experiência humana” (DONDIS, 2015, p. 80).
“Todos esses elementos, o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a escala, a dimensão e o movimento são os componentes irredutíveis dos meios visuais. Constituem os ingredientes básicos com os quais contamos para o desenvolvimento do pensamento e da comunicação visuais” (DONDIS, 2015, p. 82).
“Expressamos e recebemos mensagens visuais em três níveis: o representacional – aquilo que vemos e identificamos com base no meio ambiente e na experiência; o abstrato – a qualidade cenestésica de um fato visual reduzido a seus componentes visuais básicos e elementares, enfatizando os meios mais diretos, emocionais e mesmo primitivos da criação de mensagens; e o simbólico – o vasto universo de sistemas de símbolos codificados que o homem criou arbitrariamente e ao qual atribui significados” (DONDIS, 2015, p. 85).
“Cada nível, o representacional, o abstrato e o simbólico, tem características específicas que podem ser isoladas e definidas, mas que não são absolutamente antagônicas. Na verdade eles se sobrepõem, interagem e reforçam mutuamente suas respectivas qualidades” (DONDIS, 2015, p. 103).
“Não nos esqueçamos de que a presença ou ausência de cor não afeta os valores tonais, que são constantes e têm uma importância infinitamente maior do que a cor, tanto para conceber e realizar” (DONDIS, 2015, p. 109).
“Ver significa classificar os padrões, com o objetivo de compreendê-los ou reconhece-los. A ambiguidade é seu inimigo natural, e deve ser evitada para que o processo de visão funcione adequadamente” (DONDIS, 2015, p. 111).
“Na terminologia das técnicas visuais, aguçamento pode equivaler a contrate, e nivelamento pode ser associado a harmonia. Porém, seja qual for a linguagem descritiva empregada para designar as duas polaridades da composição visual, a nivelada ou a aguçada, deve-se enfatizar que ambas constituem excelentes instrumentos para elaborar uma manifestação visual com clareza de ponto de vista. Sua utilização habilidosa ajuda muito a evitar confusão, tanto do designer quando do observador” (DONDIS, 2015, p. 113).
“A não ser que seja essa a expressão visual procurada pelo designer (uma possibilidade remota), a ambiguidade dever ser evitada como o mais indesejável dos efeitos visuais, não apenas por ser psicologicamente perturbadora, mas por sua natureza desleixada e inferior, em qualquer nível de critério da comunicação visual” (DONDIS, 2015, p. 117).
“[…] encontra-se o significado essencial da palavra contraste: estar contra. Ao compararmos o dessemelhante, aguçamos o significado de ambos os opostos. O contraste é um caminho fundamental para a clareza do conteúdo em arte e comunicação” (DONDIS, 2015, p. 119).
“o conteúdo é afetado pela forma. A mensagem é emitida elo criador e modificada pelo observador” (DONDIS, 2015, p. 132).
“Para realmente exercer o máximo controle possível, o compositor visual deve compreender os complexos procedimentos através dos quais o organismo humano vê, graças a esse conhecimento, aprender a influenciar as respostas através de técnicas visuais” (DONDIS, 2015, p. 134).
Referências
DONDIS, A. Donis. Sintaxe da linguagem visual. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
Estética. Disponível em: <https://faberhaus.com.br/estetica/>. Acesso no dia da postagem.
Sumário da Sintaxe da linguagem visual
Prefácio
1. Caráter e conteúdo do alfabetismo visual.
– Quanto de nós veem?
– A falsa dicotomia: belas-artes e artes aplicadas.
– O impacto da fotografia.
– Conhecimento visual e linguagem verbal.
– Alfabetismo visual.
– Uma abordagem do alfabetismo visual.
– Algumas características das mensagens visuais.
2. Composição: fundamentos sintáticos do alfabetismo visual.
– Percepção e comunicação visual.
– Equilíbrio.
– Tensão.
– Nivelamento e aguçamento.
– Preferência pelo ângulo inferior esquerdo.
– Atração e agrupamento.
– Positivo e negativo.
3. Elementos básicos da comunicação visual.
– O ponto.
– A linha.
– A forma.
– Direção.
– Tom.
– Cor.
– Textura.
– Escala.
– Dimensão.
– Movimento.
4. Anatomia da mensagem visual.
– Representação.
– Simbolismo.
– Abstração.
– Interação entre os três níveis.
5. A dinâmica do contraste.
– Contraste e harmonia.
– O papel do contraste na visão.
– O papel do contraste na composição.
– Contraste de tom.
– Contraste de cor.
– Contraste de forma.
– Contraste de escala.
6. Técnicas visuais: estratégias de comunicação.
– A mensagem e o método.
– Inteligência visual aplicada.
– Técnicas da comunicação visual:
– Equilíbrio X Instabilidade.
– Simetria X Assimetria.
– Regularidade X Irregularidade.
– Simplicidade X Complexidade.
– Unidade X Fragmentação.
– Economia X Profusão.
– Minimização X Exagero.
– Previsibilidade X Espontaneidade.
– Atividade X Estase.
– Sutileza X Ousadia.
– Neutralidade X Ênfase.
– Transparência X Opacidade.
– Estabilidade X Variação.
– Exatidão X Distorção.
– Planura X Profundidade.
– Singularidade X Justaposição.
– Sequencialidade X Acaso.
– Agudeza X Difusão.
– Repetição X Episodicidade.
7. A síntese do estilo visual.
– Estilo.
– Primitivismo.
– Expressionismo.
– Classicismo.
– O estilo ornamental.
– Funcionalidade.
8. As artes visuais: função e mensagem.
– Alguns aspectos universais da comunicação visual.
– Escultura.
– Arquitetura.
– Pintura.
– Ilustração.
– Design gráfico.
– Artesanato.
– Desenho industrial.
– Fotografia.
– Cinema.
– Televisão.
9. Alfabetismo visual: como e por quê?
Bibliografia.
Fontes das ilustrações.