O Management 3.0 surge para ajudar em um mundo cada vez mais complexo onde as velhas receitas de gestão se tornam cada vez menos eficazes.
O formato de gestão top-down (de cima para baixo) apresentada e defendida por muitos estudiosos durante os séculos passados perderam não só sentido como também seu desempenho em trazer resultados positivos.
As pessoas vêm mudando e a sociedade ganha velocidade e conexões nunca antes imaginadas, o que por si só traz desafios que pedem novas formas de resolução.
Assim o conceito do Management 3.0, um estudo desenvolvido por Jurgen Appelo que apresenta um compilado de teorias para ajudar líderes a gerir times, ganha cada vez mais força.
A teoria é dividida em 6 partes principais apresentadas como os olhos de um monstro, nomeado pelo autor de Martie:
Resumo dos 6 olhos do Management 3.0
1. Empoderar times
A melhor maneira de fomentar a velocidade, o crescimento e a flexibilidade necessárias dentro das empresas atualmente é empoderar os times permitindo que eles tomem decisões e executem suas tarefas com a agilidade necessária para os nossos desafios contemporâneos.
Para isso é necessário permitir que eles se organizem sozinhos, reconhecendo o que é importante e fazendo as adaptações necessárias para não perder desempenho nem qualidade em suas entregas.
Dentro desse contexto, a liderança não aparece para ditar regras e processos, mas como apoio que descreve restrições e suporta o time retirando impedimentos e contribuindo com visão estratégica.
Também é importante compreender a diferença entre consentimento e consenso.
Times empoderados terão que tomar decisões difíceis e nem sempre todos vão concordar com o caminho (consenso), porém é possível alcançar o consentimento da equipe ao fazer ajustes nas escolhas.
Com isso nem todos precisam consentir com as decisões, mas podem encontrar meios de dar seu consentimento e seu comprometimento com um determinado caminho ao negociar alguns pontos.
Ferramenta possível para trabalhar com esse olho: Delegation Board.
Cuidado com o feedback
Em times empoderados o feedback vai se tornando cada vez mais corriqueiro e descentralizado, contudo, é importante ter uma atenção especial a essa ferramenta, pois ela pode se tornar uma máquina de vingança ao invés de um caminho de melhoria.
Para que o feedback funcione bem é importante ter em mente que se não impactar no trabalho e em seu resultado, não é feedback.
Portanto a ferramenta não deve ser usada para manifestar sentimentos e coisas não relacionadas a impactos reais no trabalho ou no resultado.
Para isso crie espaço de diálogos dentro do time, usando métodos como a Comunicação Não-Violenta, por exemplo.
É bom ter em mente também que o feedback é uma ferramenta para provocar ou reforçar/repetir uma ação específica.
Nesse contexto, um bom caminho para manter o feedback como algo saudável é seguir uma linha que vai do anônimo para o nominal e do centralizado para o descentralizado gradativamente.
2. Alinhar restrições
Atualmente é comum líderes criarem regras para seus times, impedindo que eles façam coisas consideradas prejudiciais, perigosas ou problemáticas.
A questão com as regras é que elas engessam processos e impedem as pessoas de serem ágeis.
Uma solução para isso é definir restrições ao invés de regras. Além delas deixarem mais claro para todos o risco que se quer mitigar ou qual o problema que estamos tentando resolver, ainda permite que as pessoas adaptem seus caminhos para os diferentes contextos que vierem enfrentar.
Um exemplo de regra é: Todos devem participar da reunião X.
A opção como restrição poderia ser, por exemplo: Todos devem estar a par do que está acontecendo no projeto.
Na primeira opção se cria uma regra que por si só vira uma tarefa. No segundo caminho o time pode escolher inclusive outros formatos de se manterem informados.
Também na segunda opção é mais claro o que se quer evitar (desconhecimento sobre o projeto), enquanto na primeira não fica claro o motivo da obrigação de participar da reunião.
Ferramenta possível para trabalhar com esse olho: Deixe claro o propósito do time e use restrições ao invés de regras.
3. Desenvolver competências
Times empoderados precisam garantir sua constante evolução para se adaptarem aos diferentes desafios que surgirem e nesse sentido é importante compreender bem as competências necessárias e o quanto ela está presente ou ausente no time.
Ferramentas de assessement (avaliação) podem ajudar o time a olhar para si mesmo e para os níveis de conhecimento sobre cada competência necessária.
Para isso é importante não levar julgamentos para as sessões de assessement. O objetivo é levantar as competências necessárias para o time e averiguar quanto essa competência está presente ali.
Assim, caso seja necessário, o time pode tomar ações de desenvolvimento para aprimorar as competências necessárias.
Essa parte pode contar com ações como, por exemplo:
- Liderança dar o exemplo: o líder deve demonstrar como está investindo em seu próprio desenvolvimento.
- Estimular o estudo: Ações de estudo e desenvolvimento internos não devem ser punidas ou observadas com desconfiança.
- Coaching: A empresa oferecer coachs internos ou externos para que as pessoas se desenvolvam.
- Treinamentos e certificações: A empresa oferecer treinamentos e certificações formais para os times.
- Aprendizado mútuo: Usar ferramentas onde o próprio time pode ensinar uns aos outros ou passarem por experiências de aprendizagem coletiva.
Ferramenta possível para trabalhar com esse olho: Mapa para as competências necessárias.
4. Energizar pessoas
Quanto mais autônomos forem os times e as pessoas, mais será necessário que elas se baseiem em motivações intrínsecas para executar seus trabalhos.
Segundo o estudioso Daniel Pink existem três tipos de motivações:
- Por sobrevivência.
- Por punição e recompensa.
- Intrínsecas.
A última está relacionada a valores e objetivos pessoais profundos o que pode motivar intrinsecamente as pessoas a usar o trabalho para realiza-los.
Nesse contexto é importante que o time e cada pessoa procure entender o que o motiva intrinsecamente e como relacionar isso aos objetivos e valores da companhia.
Ferramenta possível para trabalhar com esse olho: Moving Motivators.
5. Crescer a estrutura
Em algum momento a maioria das empresas passam pelo desafio de crescer sua estrutura. Nesse aspecto uma das dificuldades é como se manter ágil com o aumento no número de times.
A sugestão do Management 3.0 é se concentrar em manter times enxutos, multidisciplinares e com o máximo de independência possível.
Isso porque quanto maior a dependência do time de outras equipes, maior será a fila de espera para se realizar as tarefas.
Nesse sentido o ideal é o time conseguir se resolver de forma autônoma o máximo possível. Isso vai ajudar a reduzir o tempo de fila e melhorar o tempo de execução e entrega do time.
Outro ponto de atenção importante é observar que quanto mais times tiverem entre os clientes e o centro do uso do serviço, maior a probabilidade de que se está criando uma empresa vagarosa com muitas camadas.
Ferramenta possível para trabalhar com esse olho: Meddlers.
6. Melhorar tudo
Em um mundo complexo com mudanças rápidas a única máxima é perseguir a melhoria contínua.
Para isso é importante avaliar constantemente tudo que estamos fazendo buscando saber se ainda faz sentido agir como agimos ou se são necessários novos planos e caminhos.
Nesse sentido vale lançar mão de diversos recursos como, por exemplo, o ciclo Planeje > Faça > Verifique > Aja (do inglês Plan > Do > Check > Act ou PDCA).
Outras ferramentas podem ser usadas com o objetivo de analisar frequentemente se os processos e ferramentas estão a serviço o objetivo final ou se os times estão se tornando apenas executores de processos e ferramentas.
Assim, esteja aberto e desapegado para mudar, aprender e evoluir sempre.
Ferramenta possível para trabalhar com esse olho: PDCA.
Referências
Management 3.0. Disponível em: <https://management30.com/>. Acesso no dia da postagem.
Knoledge 21. Disponível em: <https://www.knowledge21.com.br/>. Acesso no dia da postagem.
Marcus Garrido. Youtube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mnUAWYIL5co&t=166s>. Acesso no dia da postagem.
Avelar Leão. Linkedin. Disponível em: <https://www.linkedin.com/in/awleao/>. Acesso no dia da postagem.
Rodrigo de Toledo. Prezi. Disponível em: <https://prezi.com/g9hq8320s5e8/management-30-pt-br-dinamica/>. Acesso no dia da postagem.
*Parte do material foi traduzido livremente para português.