A jornada do herói é uma ferramenta para contar histórias incríveis e envolventes de forma acapturar sua audiência, esteja ela onde estiver.
Contar histórias é, inclusive, uma atividade milenar, usada tanto para entreter quanto para ensinar.
Por meio delas podemos também ampliar nosso autoconhecimento, vivenciar experiências fantásticas e nos deliciar com sentimentos diversos.
Jornada do Herói: Os 12 passos
- Mundo comum: O herói é apresentado em seu ambiente cotidiano, onde a vida é normal e tranquila para que ele seja conhecido, assim como suas qualidades, defeitos, forças e fraquezas, e demais detalhes capazes de fazer com que o público se identifique com ele.
- Chamado à aventura: O herói recebe um chamado para deixar o mundo comum e embarcar em uma jornada.
- Recusa ao chamado: Inicialmente, o herói pode hesitar ou recusar o chamado devido ao medo ou insegurança.
- Encontro com o mentor: O herói encontra um mentor ou guia que lhe oferece conselhos, treinamento ou equipamentos necessários para a jornada.
- Travessia do primeiro limiar: O herói deixa o mundo comum e entra em um mundo desconhecido e perigoso, marcando o início real de sua aventura.
- Testes, aliados e inimigos: O herói enfrenta desafios e provações, encontra aliados e enfrenta inimigos, desenvolvendo habilidades e maturidade ao longo do caminho.
- Aproximação da caverna oculta: O herói se aproxima do momento de maior perigo, onde enfrentará o desafio principal.
- Provação suprema: O herói enfrenta um grande desafio ou teste, uma luta que determinará sua sobrevivência e sucesso.
- Recompensa: Após superar a provação suprema, o herói recebe uma recompensa, que pode ser um objeto, conhecimento ou realização.
- Caminho de volta: O herói começa a jornada de volta ao mundo comum, mas com novos desafios a superar.
- Ressureição: O herói enfrenta uma última prova que representa a transformação completa. Este é um momento de renovação e purificação antes do retorno final.
- Retorno com o elixir: O herói retorna ao mundo comum com o “elixir” (recompensa ou conhecimento), beneficiando a si mesmo e sua comunidade.
Esses 12 passos são o resultado da nossa evolução ao contar histórias que também aprimorou nossas habilidades para compor boas narrativas.
Antes, por exemplo, as histórias eram contadas ao redor de fogueiras ou com desenhos em paredes de pedra, atualmente lançamos mão de complexos equipamentos e efeitos especiais para compor audiovisuais incríveis ou mesmo textos compostos com requintadas estruturas gramaticais.
Mesmo assim, o simples ato de contar uma história, narrada verbalmente entre amigos, ainda tem o mesmo efeito arrebatador de épocas passadas proporcionado pela nossa capacidade de imaginar.
Eu mesmo sou um grande defensor do uso de narrativas para ensinar e entreter. Mesmo para criar navegações melhores, aposto em técnicas para construção de narrativas como meio de garantir experiências mais coesas.
Podemos, sumariamente, compreender a narrativa como uma teia unificada de eventos, fatos e elementos organizados de tal forma a estabelecer conexões entre eles.
É importante observarmos que a avaliação de uma boa narrativa está relacionada justamente a estrutura desta teia, ou seja, de um modo geral avaliamos a unidade (amarração entre os itens e a lógica), a intensidade dos efeitos, a complexidade dos personagens e a originalidade da história, ao invés de nos prendermos a moralismos, realismos e aspectos correlatos.
A lógica da narrativa é composta basicamente pelo narrador, pelo tempo e pelo ponto de vista projetado.
Existem diversos tipos de narrativas na literatura que podem servir de inspiração na hora de compor histórias.
Tipos de narrativas
- Conto: Texto breve, geralmente em prosa com um evento somente.
- Crônica: Narrativa breve e informal ligada a vida cotidiana com um toque de humor e crítica.
- Ensaio: Texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, criticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. O ensaio envolve a defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sem se pautar em formalidades como documentos, provas empíricas ou dedutivas de caráter cientifico.
- Épico: Trajetória do herói ou aventuras de um povo, com tempo, espaço e personagens bem definidos e com caráter verossímil.
- Epopeia: Um épico feito em versos.
- Fabula: Texto fantástico que busca o inverossímil, ou seja, nenhuma semelhança com a realidade. Os personagens podem ser animais ou objetos e a finalidade é transmitir alguma lição moral.
- Novela: Texto entre a longevidade do romance e a brevidade do conto e cujo personagem principal se caracteriza existencialmente em poucos conflitos.
Algumas técnicas ajudam a construir uma história mais interessante como, por exemplo, a pista e recompensa, que é basicamente a presença de algo no texto que fará sentido em outro ponto mais adiante. Esta técnica se torna especialmente interessante quando a recompensa altera o sentido da pista, surpreendendo o leitor.
Alguns textos fazem uso do deus ex machina, que é aquele salvador fantástico da história que até então não existia na narrativa, porém este recurso pode ser interpretado como uma solução fácil e pouco criativa se for usado de forma banal.
Outro item importante analisado em narrativas é o uso do clichê, o vicio das histórias, ou seja, recursos, cenas ou frases tão usadas que se tornam automáticas e nada originais.
Acima de tudo, é importante lembrar que as histórias lidam principalmente com transformação, sempre tem alguém ou algo se transformando, mudando, agindo.
É interessante observar também como a profundidade das histórias pode levar o leitor por um caminho de autoconhecimento.
E no campo da construção de narrativas não faltam boas referências. Talvez a mais conhecida seja a obra de Joseph Campbell que estruturou a chamada Jornada do herói, facilmente identificada em filmes hollywoodianos.
O site Viver de blog, por exemplo, criou até um infográfico apresentando a estrutura da jornada usando a história do Batman para exemplificar a técnica que serve como um bom exemplo (link nas referências).
E no mais, quanto mais prática, mais fácil se torna criar narrativas com uma estrutura lógica e envolvente, o importante é treinar sempre que possível.
Referências
Jornada do Herói. Viver de Blog. Disponível em <http://viverdeblog.com/jornada-do-heroi/>. Acesso em 16 de mar. de 2015.