Como ser um líder inclusivo reúne um panorama amplo sobre as necessidades, benefícios e meios para os líderes lidarem com a diversidade.
Liliane Rocha é fundadora da consultoria Gestão Kairós, especializada em sustentabilidade e diversidade, e reúne muitos anos lidando e trabalhando para fomentar e cultivar a diversidade.
Em seu trabalho e no livro Como ser um líder inclusivo Liliane traz algumas importantes questões que empresas e líderes têm se feito nesse momento, como, por exemplo:
- A nossa empresa representa internamente em seu quadro de funcionários a demografia da população do nosso país?
- Temos internamente profissionais capazes de pensar, refletir e representar todos os grupos sociais, auxiliando na estratégia de elaboração de novos produtos e serviços para mercados emergentes?
- Temos pessoas advindas de construções intelectuais, psíquicas e emocionais diversas em nosso quadro a fim de favorecer processos de inovação?
- Estamos liderando processos que assegurem termos os profissionais mais adequados para cada posição ou somente optando por contratar um público específico independente de competências?
Essas questões ganham cada vez mais destaque conforme as empresas vêm percebendo o valor que a diversidade traz para suas organizações, nesse sentido Michael Porter já tinha esclarecido essa importância na Harvard Business Review (2011) ao dizer:
“A solução [para o desgaste das] empresas está no princípio do valor compartilhado, que envolve também a geração de valor econômico de forma a criar também valor para a sociedade (com o enfrentamento de suas necessidades e desafios).”
Ou ainda nas palavras de John Elkington é a empresa tratar do tripé entre ser economicamente viável, ambientalmente responsável e socialmente inclusiva.
5 características de como ser um líder inclusivo
Para trabalhar com esse tripé, Liliane apresenta 5 características que mais aparecem entre os líderes inclusivos:
- Autoconsciência dos valores e vieses limitantes: Capacidade de reconhecer que estamos limitados dentro dos nossos próprios vieses e precisamos trabalhar constantemente para questioná-los.
- Diálogo honesto: Capacidade de gerar comunicação e entendimento mútuo com base na escuta ativa e na compreensão do outro de forma colaborativa, o que é diferente de debate (competitivo que busca vencedores), de discussão (pautado por julgamentos de valor que busca desqualificar o outro) e de confrontação (emocionalmente embasado que busca eliminar o outro).
- Empatia: Capacidade de se colocar de forma profunda no lugar do outro levando em consideração a história de vida, vivências e características do outro.
- Prática constante de mudança: Capacidade de colocar novos comportamentos e a mudança em prática constantemente, mesmo que mudar não seja um hábito fácil ou corriqueiro.
- Respeito a opiniões diferentes: Capacidade de respeitar opiniões variadas e construir novos conhecimentos de forma conjunta.
Dicas para programas de diversidade
Além dessas características, para se colocar de pé um programa de diversidade e se aperfeiçoar enquanto um líder inclusivo é possível observar algumas dicas importantes:
- Tenha um profissional que entenda do tema diversidade para te apoiar.
- Constitua um grupo multidisciplinar no trabalho.
- Conheça o cenário interno da empresa.
- Conheça o cenário externo da empresa.
- Alinhe conceitos sobre diversidade, iniciativas, como começar e gerenciar as iniciativas.
- Abra a mente e continue a estudar o tema constantemente, afinal sempre tem novas coisas a aprender.
- Elabore o programa de diversidade com seus objetivos, metas, indicadores e etc.
- Eduque as pessoas no tema da diversidade.
- Escute ativamente todas as pessoas e refine o que for necessário.
- Comunique dentro e fora da empresa sobre o programa e esteja aberto a feedbacks.
Outro aspecto importante é lembrar do seu poder da influência enquanto líder e fazer uso dessa influência de forma justa.
Afinal, segundo Victor Martinez, PhD em Diversidade pela FEA USP:
“Todos temos vieses, mas quando explicitado é preconceito, ou seja, o juízo preconcebido manifestado ou externalizado [é preconceito]. E se tiver poder – mesmo que seja pequeno – para segregar, desqualificar, oprimir, ou dificultar o acesso do ‘outro’, com base em seus vieses e preconceitos e exercer este poder, aí já está ocorrendo a discriminação.”
E lembre-se que os vieses podem ser muitos como, por exemplo, os de grupos (meu grupo é melhor que os outros), os ideológicos (pessoas que acreditam em ideias diferentes das minhas são ruins), os egocêntricos (acertos são meus, erros são dos outros), os de afinidade (quem parece comigo é bom), os de ancoragem (estatísticas recortadas ou únicas para defender opiniões) e os de retrospectiva (apresentar o passado de forma a atender suas ideias e interesses).
Portanto, precisamos estar sempre atentos em como estamos agindo, por que estamos agindo dessa forma e os impactos que podemos causar na vida das pessoas ao agir de determinada forma.
Para aprender mais, o livro pode ser adquirido em diversas lojas online e até em sebos com preços mais acessíveis.
Referências
ROCHA, Liliane. Como ser um líder inclusivo: Fuja do diversitywashing e valorize a diversidade. Seu guia para construir uma sociedade mais justa e uma empresa mais competitiva. São Paulo: Scortecci, 2017.
Harvard Bussiness Review – Michael Porte. Disponível em: <https://hbrbr.com.br/criacao-de-valor-compartilhado/>. Acesso no dia da postagem.
John Elkington Website. Disponível em: <https://johnelkington.com/>. Acesso no dia da postagem.
Victor Martinez Linkedin. Disponível em: <https://www.linkedin.com/in/victorrichartemartinez/?originalSubdomain=br>. Acesso no dia da postagem.
Gestão Kairós. Disponível em: <https://gestaokairos.com.br/>. Acesso no dia da postagem.
Excelente material, há um ganho de tempo absurdo e abertura para novas ideias. Parabéns
Sucessos
Obrigado Max!