Quando você perde o crachá, perde também o cafezinho na xícara chique.
O que sobra é o copinho de plástico e a sala de espera.
Aprendi isso cedo.
Enquanto ocupava cargos altos em empresas conhecidas, os sorrisos vinham fáceis e todo mundo estava sempre disponível para conversar.
As mensagens tinham respostas rápidas, os convites para reuniões surgiam do nada, e até o bom-dia parecia mais entusiasmado. Mas isso nunca me enganou, e ainda bem.
Hoje, sento em cadeiras frias e desconfortáveis de recepções corporativas, esperando meu nome ser chamado.
Às vezes com um portfólio debaixo do braço, outras só com a coragem de recomeçar. E é nesses momentos que a gente entende o verdadeiro valor daquilo que não cabe num crachá.
Porque no fim, o ponto é simples:
→ Sua identidade não pode estar colada a um cargo, porque cargos são transitórios.
Eles mudam, desaparecem, e o status que vem junto com eles evapora mais rápido do que a gente imagina.
Se você não estiver estruturado por dentro, o tombo pode ser pesado.
Por isso, habilidades técnicas precisam andar junto com as emocionais. De nada adianta dominar ferramentas se você não souber lidar com as pausas, as incertezas e o silêncio das respostas que não chegam.
Nem sempre teremos o título chique da empresa famosinha.
Às vezes, o crachá vai ser de visitante.
Outras, não vai ter crachá nenhum. Mas é justamente aí que a gente se reconstrói, quando percebe que continua sendo quem é, mesmo sem o logotipo estampado no peito.
Então, respire fundo. Continue.
Esses momentos também fazem parte da carreira, e se você souber atravessá-los com consciência, eles vão te deixar mais forte, mais preparado e, principalmente, mais humano.
E se em algum ponto do caminho você precisar conversar, desabafar, ou só ter alguém que te escute sem julgamento estou por aqui.
De verdade.
Vamos juntos.