Pressão estética: Por que somos cruéis com nossos corpos?

Pressão estética é a imposição social que sofremos para estarmos dentro de certos padrões de beleza considerados ideais em um determinado momento da sociedade.

Essa pressão pode estar relacionada ao peso, altura, formato do corpo, cor da pele, textura do cabelo, entre outros aspectos físicos e até de roupa ou comportamento social.

A pressão estética é intensificada pela mídia, redes sociais, publicidade e indústria da moda, que frequentemente promovem imagens irreais e inatingíveis de beleza.

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Isso muitas vezes porque a mídia quer justamente vender produtos milagrosos para manter quem tem dinheiro jovem e musculoso, a custos bilionários claro.

E a pressão estética afeta não só mulheres, mas também homens, embora de maneiras diferentes.

Contudo, em ambos os casos, pode gerar comparações constantes e insatisfação com a própria imagem corporal.

Comparações inclusive feitas com imagens manipuladas digitalmente, que vendem uma noção irreal da vida e das pessoas, o que oprimi e alimenta uma busca ineficaz por uma semelhança com imagens retocadas.

Essas comparações e insatisfação ainda podem levar a comportamentos prejudiciais, como dietas extremas, procedimentos estéticos invasivos e até transtornos alimentares.

Ainda assim, qualquer um que não se enquadre no padrão vigente pode vir a se sentir desconforme e até incapaz de ser aceito ou amado diante da naturalidade diversa da sua construção.

Isso vai nos tornando carrascos de nós mesmos para nos enquadrarmos nesses padrões, em um mundo onde criamos e alimentamos um monstro que tende a nos matar.

E tudo isso para que?

O psiquiatra Bruno Branquinho, por exemplo, descreve isso de forma precisa em seu texto para Carta Capital lembrando que muitos indivíduos crescem com uma:

sensação de inadequação, de que serem quem são pode lhes custar o amor e a felicidade, de que serão rejeitados apenas por serem eles mesmos, e na vida adulta parece que continuam com essa ideia quando se trata do seu corpo.

A loucura disso vai tão longe que é fácil vermos pessoas minimizando, defendendo ou até tendo atitudes preconceituosas e desprezíveis contra pessoas fora do padrão vigente, mesmo que elas mesmas também não estejam nesse padrão.

E mesmo disfarçadas de preocupação com saúde, a maioria dessas agressões estão na verdade alimentando essa imagem impossível, até porque não somos padronizados, mas sim diversos.

Fora que estar em regime alimentar constante ou ser viciado em exercícios pode levar a tantas ou a mais doenças que as pessoas com sobrepeso possam estar vulneráveis.

Pior ainda é que quem se levanta contra esse movimento, indicando outras possibilidades beleza, pode ser perseguido e até rechaçado.

Contudo, não questionar a pressão estética vigente, com seus corpos irreais, tem influenciado uma enorme quantidade de doenças, como ainda lembra Branquinho ao falar que muitos indivíduos:

apresentam mais sintomas depressivos, ansiosos, sensação de rejeição e isolamento, e muitos acreditam que, no caso de não atingirem esse corpo magro e musculoso, não serão amados, não terão um relacionamento ou mesmo que ninguém vai querer transar com eles.”

Então, contra essa pressão estética absurda, talvez o melhor remédio seja deixar de seguir pessoas e pensamentos tóxicos que vendem ilusões e educar com cuidado nosso olhar sobre o que é bonito.

E finalmente seguir o conselho de Branquinho em seu texto:

Precisamos garantir que as pessoas sejam livres para terem os corpos que tiverem, sem que passe por suas cabeças que isso possa lhes custar o amor e a aceitação dos que estão a sua volta. Essa sim seria uma tremenda conquista, digna de estar em destaque em todas as nossas redes sociais.”

Quem sabe assim parecemos de ser tão cruéis com a gente, com nossos corpos e aprendamos a nos amar como somos e aos outros como são.

Referências

Bruno Branquinho. Carta Capital. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/saudelgbt/por-que-os-homens-gays-estao-tao-infelizes-com-seus-corpos/>. Acesso no dia da postagem.

The Sun. Disponível em: <https://www.thesun.co.uk/archives/news/1007542/what-real-men-would-look-like-in-pants-ads/>. Acesso no dia da postagem.

Publicitta. Disponível em: <https://www.revistapublicitta.com.br/acao/cases/dressmann-pela-beleza-real-masculina/>. Acesso no dia da postagem.

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