Pensamento lateral de Edward de Bono é uma obra fundamental para quem quer entender e aplicar o processo criativo na sua vida profissional ou pessoal.
Nele o autor apresenta as principais características do pensamento lateral versus o pensamento vertical.
Resumindo, podemos entender essas duas vertentes da seguinte forma:
Pensamento lateral: Generativo e criativo, essa vertente do pensamento é responsável por reorganizar os dados existentes para criar opções de escolhas, buscando assim caminhos inovadores e inéditos.
Pensamento vertical: Analítico e detalhista, essa vertente do pensamento é responsável por criticar as opções que temos nos levando a tomar decisões fundamentadas, buscando assim a maior eficiência de ação.
Segundo o próprio autor, essas duas vertentes de pensamento devem caminhar juntas para garantir escolhas com maior potencial de sucesso.
O pensamento lateral, abrangente por sua natureza, pode ser aplicado no começo do processo de descoberta, garantindo novas possibilidades e a expansão da nossa visão sobre o problema a ser resolvido.
Logo em seguida, aplicamos o pensamento vertical para apurar as opções e ajudar na escolha do caminho mais eficiente para solucionar o desafio.
Para quem conhece o design thinking, fica claro que o pensamento lateral é responsável pela divergência de opções e o pensamento vertical é o momento da convergência de escolhas.
Além de explicar a teoria em detalhes, o autor ainda apresenta diversos exercícios para treinar nossa mente na execução do pensamento lateral.
É comum vermos o atual sistema educacional valorizar o pensamento vertical em detrimento do pensamento lateral, o que pouco a pouco vai coibindo nossa capacidade criativa e inventiva.
O conceito da obra é influenciar educadores a usar esses exercícios para alimentar e promover a criatividade dos estudantes, ajudando as pessoas a usarem as duas vertentes do pensamento para alcançar maior sucesso em sua vida profissional e pessoal.
A obra da década de 1970 pode ser considerada uma das pioneiras no estudo e estruturação da abordagem de conceituação baseada na divergência e convergência do pensamento, tão fundamental para os processos de design thinking.
A seguir, algumas citações da obra de Edward de Bono traduzidas livremente para essa postagem.
Citações selecionadas do Pensamento Lateral de Edward de Bono
“[…] uma expectativa é gerada pela forma como a informação é organizada. Então, de repente, essa expectativa é frustrada, mas uma vez que ela é desestruturada, o novo jeito começa a parecer uma nova forma de organizar as coisas” (BONO, 2012, p. 36)
“O pensador vertical dirá: `Eu sei o que estou procurando’. O pensador lateral dirá: ‘Eu estou procurando, mas eu não sei o que estou procurando até eu o encontrar’” (BONO, 2012, p. 40)
“O pensamento vertical é analítico, o pensamento lateral é provocativo” (BONO, 2012, p. 40)
“O pensamento vertical promete pelo menos uma solução mínima. O pensamento lateral amplia as chances de uma solução incrível, mas não faz promessa de nenhuma” (BONO, 2012, p. 44)
“Existem três tipos de problema: 1. O primeiro tipo de problema necessita de mais informações ou de melhores técnicas para lidar com as informações; 2. O segundo tipo de problema não necessita de nenhum tipo de informação nova, mas sim da reordenação das informações já existentes e disponíveis: é um insight de reestruturação; 3. O terceiro tipo de problema é um problema de problema nenhum. Ele é bloqueado por estar adequado dentro do contexto atual impossibilitando ver novos e melhores formatos. Essa falta de visão acontece porque nem é possível se imaginar que existe um novo formato. O desafio é perceber que existe um problema – perceber aquela coisa que pode ser melhorada e definir sua melhora como um problema a ser resolvido” (BONO, 2012, p. 58)
“O princípio mais básico do pensamento lateral é que qualquer forma particular de olhar para as coisas é na verdade uma das possibilidades possíveis entre diversos outras possiblidades. O pensamento lateral é focado em explorar essas outras possibilidades ao reestruturar e reorganizar as informações existentes” (BONO, 2012, p. 63)
“A palavra lateral sugere movimentos laterais para gerar padrões alternativos [novas possiblidades] ao invés de se aprofundar com o desenvolvimento de um padrão específico [ou uma possiblidade única]” (BONO, 2012, p. 00)
“Mesmo que a busca por alternativas se provar em algum caso específico como uma perda de tempo, ela ajuda a desenvolver o hábito de procurar alternativas ao invés de aceitar cegamente a abordagem [ou possibilidade] mais óbvia” (BONO, 2012, p. 64)
“O exercício [de várias pessoas fazerem desenhos a partir de descrições únicas sem falar umas com as outras] não é sobre tentar acertar o que outras pessoas estão pensando, mas para mostrar como a mesma situação pode ser estruturada de diferentes formas” (BONO, 2012, p. 85)
“Se alguém estiver procurando pela melhor abordagem, então ele parará assim que encontrar o que se parecer com a melhor abordagem. Ao invés de parar, entretanto, alguém irá continuar gerando alternativas por sua própria vontade. O propósito desse processo é irmos perdendo as formas rígidas de olhar para as coisas, mostrar como caminhos alternativos são sempre possíveis se os procurarmos, e desenvolver o hábito de reestruturar nossos padrões” (BONO, 2012, p. 89)
“Em resoluções de problemas sempre se assume alguns padrões. Estes padrões tornam muito mais fácil resolver o problema porque reduzem a área com a qual tem que lidar” (BONO, 2012, p. 93)
“Se alguém lhe der um endereço em Londres, vai ser difícil encontrar. Mas se alguém lhe disser que esse endereço fica ao norte do Tâmisa vai ficar muito mais fácil encontra-lo” (BONO, 2012, p. 93)
“O propósito desses problemas é apenas para mostrar que a aceitação de suposições pode tornar difícil ou até impossível resolver um problema” (BONO, 2012, p. 97)
“Os capítulos anteriores se concentraram em dois aspectos fundamentais do pensamento lateral: A geração deliberada de caminhos alternativos de olhar as coisas; O desafio das suposições preestabelecidas” (BONO, 2012, p. 105)
“O propósito do pensamento não é estar certo, mas ser eficaz. Por vezes, ser eficaz envolve estar certo, contudo existe uma diferença muito grande entre as duas coisas. Estar certo significa estar certo em todos os momentos do percurso. Ser eficaz significa estar certo no final” (BONO, 2012, p. 107)
“O pensamento vertical envolve estar certo durante todo o percurso. O julgamento é exercitado em todas as fases. Não é possível seguir para a próxima fase se a fase atual não estiver certa. O pensamento vertical trabalha com a seleção pela exclusão. O julgamento é o método da exclusão e a negativa (“não”) é a ferramenta da exclusão” (BONO, 2012, p. 107)
“O pensamento lateral permite estar errado durante o caminho desde que estejamos certos ao final […] isso não significa fazer sem julgar, mas sim adiar isso até o final” (BONO, 2012, p. 107)
“O perigo mora na arrogância de acreditar que o pensamento vertical é o suficiente. Não é. Exclusão [presente no pensamento vertical] enfatiza a necessidade de estar certo todo o tempo e mata a criatividade e o progresso durante o processo” (BONO, 2012, p. 108)
“A necessidade de estar certo todo o tempo é a maior barreira para as novas ideias. É melhor ter ideias suficientes para que algumas delas estejam erradas do que estar certo o tempo todo não tendo ideia nenhuma” (BONO, 2012, p. 108)
“A natureza do pensamento lateral é que a ideia errada em algum momento levará para a ideia certa [e ainda melhor] depois” (BONO, 2012, p. 108)
“Em si mesmo a procura pela ideia dominante ou pelo fator crucial não é um processo do pensamento lateral. É um passo necessário que permite usar o pensamento lateral mais efetivamente. É difícil reestruturar um padrão sem enxerga-lo. É difícil expandir um padrão a menos que se identifique os pontos rígidos” (BONO, 2012, p. 127)
“O objetivo do pensamento lateral é olhar para as coisas de jeitos diferentes, reestruturar padrões, gerar alternativas. A mera intenção de gerar alternativas as vezes é suficiente” (BONO, 2012, p. 131)
“Se alguém pegar qualquer situação e quebra-la em fragmentos, outra pessoa pode reestruturar a situação colocando os fragmentos juntos de uma maneira completamente nova” (BONO, 2012, p. 132)
“Por exemplo, se a situação é “um policial organizando o tráfego”, então a situação reversa pode ser: “o tráfego organiza (controla) o policial. O policial desorganiza o tráfego” (BONO, 2012, p. 142)
“No pensamento lateral não estamos à procura da resposta certa, mas sim por uma organização diferente da informação que provoque um novo jeito de olhar a situação” (BONO, 2012, p. 143)
“Frequentemente uma ideia que pareça muito obvia e trivial para alguém pode ainda assim se conectar com outras ideias na mente de outra pessoa gerando assim algo muito original” (BONO, 2012, p. 149)
“No final da sessão de avaliação das ideias devem existir três listas: Ideias para uso imediato; Áreas para futuras explorações; e Novas abordagens para o problema” (BONO, 2012, p. 156)
“Área de atenção se refere a parte da situação ou problema que está sendo trabalhada. Ponto de entrada se refere a parte do problema ou situação que será resolvida primeiro” (BONO, 2012, p. 175)
“Em qualquer problema existe um ponto final desejado – alguma coisa que alguém quer provocar. Este algo desejado por alguém pode ter uma variedade de formas:
- Resolver alguma dificuldade (problemas com congestionamento, por exemplo);
- Criar algo completamente novo (projetar uma máquina para vendas de maça);
- Acabar com alguma coisa insatisfatória (acidentes em rodovias, fome mundial);” (BONO, 2012, p. 279)
“O problema com congestionamento, por exemplo, pode ser escrito de três maneiras:
- Resolver a dificuldade do congestionamento
- Projetar um sistema de rodovias que tenha um fluxo livre.
- Livrar-se da frustração e da demora dos congestionamentos” (BONO, 2012, p. 279)
“O pensamento lateral trabalha em um estágio inicial do pensamento vertical. O pensamento lateral é usado para reestruturar o padrão percebido com o qual olhamos para as situações. O pensamento vertical então aceita este novo padrão e o desenvolve. Pensamento lateral é generativo, o pensamento vertical é seletivo. Eficácia é o objetivo de ambos” (BONO, 2012, p. 298)
Sumário do Pensamento Lateral de Edward de Bono
Introdução
Como usar este livro
A forma como a mente trabalha
Comunicação em código
A mente como um sistema de criação de padrões
Sistema de auto-organização
Período de atenção limitado
A sequência de chegada das informações
Humor e insights
Desvantagens do sistema
Diferenças entre pensamento lateral e vertical
Atitudes do pensamento lateral
Pensamento lateral e vertical são complementares
A natureza básica do pensamento lateral
O uso do pensamento lateral
Novas ideias
Resolução de problemas
Processo de escolha das nossas percepções
Reavaliação periódica
Prevenção de polarizações e divisões muito acentuadas
Técnicas
Geração de alternativas
Quota de alternativas geométricas
Quota de alternativas não geométricas
Resolução de problemas
Hipóteses desafiadoras
A técnicas do porquê
Inovação
Suspender julgamentos
Design
Ideias dominantes e fatores cruciais
Fracionamento
O método reverso
Brainstorming
Analogias
Escolha dos pontos de entrada e áreas de atenção
Estímulos randômicos
Conceitos/Divisões/Polarização
A nova palavra po
Bloqueado pela abertura
Descrição/Resolução de problemas/Design
Sumário
Referências
BONO, Edward de. Lateral Thinking: Creativity step by step. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.