Leonardo Lins fala sobre os desafios da gestão de design no varejo e muitos outros temas nessa conversa para a Faberhaus Play.
Começamos o papo com o Leonardo explicando o que é design de forma simples e, segundo suas palavras, como designer:
“Eu deixo as coisas mais fáceis para pessoas usarem ou consumirem, de forma que elas consigam acessar o que precisam da melhor maneira possível. E como eu faço isso? Eu ouço as pessoas, vou entender o que elas precisam, muitas vezes vou ver o que elas fazem para ver o que faz sentido para elas.”
Quando criança, ele gostava de abrir brinquedos, ver como as coisas funcionavam e sempre gostou muito de desenhar e de animação.
Essas características talvez tenham sido um impulsionador para que ele se encontrasse como designer anos mais tarde.
A partir de um curso de informática e de uma aproximação com o design gráfico e, posteriormente, com os recursos do mundo on-line, ele foi descobrindo sua paixão pelo design digital.
Iniciou sua carreira na área como UX designer em uma grande empresa tradicional onde aprimorou sua visão da aplicação do design no ambiente corporativo.
Durante sua trajetória, foi apoiando outros designers e com isso despontando como uma liderança na área.
Foi provocado a se tornar líder por um antigo gestor, mas acabou assumindo essa cadeira em outra empresa ao ser provocado novamente diante do apoio que já vinha dando ao time na época.
Assumiu como missão ser o líder que não teve dentro da área técnica, juntando características de outros líderes que o inspiravam e adicionando o que sentia falta.
Enxerga a pessoa líder como alguém que dá suporte, liberdade e autonomia para o trabalho ser feito.
Montou o primeiro time focando em diversidade e viu pessoas e processos melhores do que ele fazia, foi ali que percebeu que tinha alcançado seu objetivo de contratar profissionais ainda melhores que ele mesmo.
Porém, deixar de fazer e entregar o trabalho tático e operacional para outras pessoas fazerem é uma quebra de paradigma ao assumir a liderança, segundo sua visão.
Ele complementa dizendo que enxerga como uma delícia na liderança ver o time progredir na carreira e os profissionais serem reconhecidos, inclusive por outras pessoas, como os pares que trabalham com esses designers.
Uma dor é tomar decisões sem levar em consideração o todo, que às vezes acontece devido o ritmo das coisas.
Medindo desempenho do time, da liderança de design e do produto digital segundo Leonardo Lins
Na hora medir desempenho, o design anda muito próximo com o sucesso do próprio produto, sendo medido de forma conjunta com esforços de engenharia e negócios.
Leonardo também usa um método para medir as habilidades técnicas e avaliar as entregas do dia a dia.
Essa avaliação é feita baseado em critérios bem definidos sobre o se espera de alguém na cadeira de design.
A liderança também é analisada em seu sucesso de acordo com o desempenho do produto, em sua percepção.
Adicionalmente, ele também trabalha com um indicador relacionado a satisfação da pessoa em relação à liderança, feito por meio de uma pesquisa semanal com temas distintos, tratados semana a semana.
A aderência aos valores da empresa e relação saudável com os pares de outras áreas, como negócios e tecnologia, também faz parte do papel e, portanto, do sucesso de um líder de design.
Ao falarmos sobre produtos, Leonardo reforça sobre como os momentos no ciclo de produtos influenciam as ações de design, de negócios e de tecnologia.
Produtos digitais com maior maturidade pedem ações de gestão e manutenção, com ações mais relacionadas a análises quantitativas. É um olhar para a evolução contínua de indicadores, um ajuste fino, segundo sua visão.
Já produtos digitais em fases iniciais pedem um olhar mais qualitativo e uma análise sobre as necessidades das pessoas, além de compreender como diminuir as incertezas.
Contudo, nos dois casos, a melhor máxima talvez seja errar cedo, errar antes e errar com poucas pessoas com uma amostragem que faça sentido.
Sobre carreira de design e o papel do designer
Para profissionais de design que trabalham sozinhos, Leonardo relembra que é importante fazer aliados na empresa, construindo alianças com outras frentes, como os engenheiros de software, por exemplo.
E se existir uma pessoa responsável pelo atendimento de clientes, o designer precisa se conectar com essa pessoa também, inclusive com uma reunião semanal, se possível.
Para se preparar, o designer precisa lembrar que design tem que ser sempre sobre pessoas e não sobre ferramentas.
Ou seja, por mais que se estude e se conheça de ferramentas, ouvir pessoas é o coração da atividade e precisa guiar o processo.
Para se preparar e crescer na carreira, Leonardo recomenda criar um bom repertório sobre como as coisas funcionam.
Nesse sentido, vá experimentar fluxos e processos que se tem pouca familiaridade e observe com atenção essas experiencias.
Também precisamos estar antenados com o mundo da tecnologia em constante mudança e compreender que um dos grandes desafios para design é entender e navegar bem na gestão do produto.
Nesse contexto, tanto para designer quanto para empreendedores e pequenas empresas, Leonardo reforça:
“Tenha muito claro para quem você vai vender seu serviço ou produto. Parece meio óbvio, mas não é para quem você deseja vender, mas quem realmente tem a dor que seu produto resolve. E converse com elas.”
É importante também compreender tamanho de mercado, investimentos necessários e o retorno que será alcançado.
Lembrando que tudo isso deve ser embasado em evidências, hipóteses e testes com indicadores e amostragem coerentes e não em achismos ou opiniões.
Finalizamos a conversa com uma reflexão sobre o que nos faz humanos, com nossas amores, dores e alegrias.
Leonardo termina com um pensamento de que enquanto a gente estiver aprendendo, estaremos vivendo a vida como ela deve ser vivida.
Referências
Leonardo Lins. LinkedIn. Disponível em: <https://www.linkedin.com/in/leolins/>. Acesso no dia da postagem.
Joaquim (Joca) Torres LinkedIn. Disponível em: <https://www.linkedin.com/in/jocatorres>. Acesso no dia da postagem.
Gyaco. Joaquim (Joca) Torres. Disponível em: <https://www.gyaco.com/>. Acesso no dia da postagem.
Todo mundo tem um plano até levar um soco na boca – Mike Tyson. Disponível em: <https://www.commit.works/everyone-has-a-plan-until-they-get-punched-in-the-mouth/ >. Acesso no dia da postagem.
Sala espelho. Faberhaus. Disponível em: <https://faberhaus.com.br/sala-espelho/>. Acesso no dia da postagem.
SXSW: 9 insights sobre nosso tempo e futuro próximo. Faberhaus Disponível em: <https://faberhaus.com.br/sxsw-2024/>. Acesso no dia da postagem.
Shark Tank Brasil. Disponível em: <https://www.primevideo.com/detail/Shark-Tank-Brasil/0IIIAHEXW0JZT3S6C63BDOPOTI>. Acesso no dia da postagem.
John Maeda. LinkedIn. Disponível em: <https://www.linkedin.com/in/johnmaeda/>. Acesso no dia da postagem.
Design In Tech. John Maeda. Disponível em: <https://designintech.report/>. Acesso no dia da postagem.
Melissa Perri. Disponível em: <https://melissaperri.com/>. Acesso no dia da postagem.
Marty Cagan. Disponível em: <https://www.svpg.com/team/marty-cagan/>. Acesso no dia da postagem.
Tim Brown. Faberhaus. Disponível em: <https://faberhaus.com.br/design-thinking-de-tim-brown/>. Acesso no dia da postagem.
As leis da simplicidade. John Maeda. Disponível em: <https://faberhaus.com.br/as-leis-da-simplicidade-john-maeda/>. Acesso no dia da postagem.
