Inteligência artificial e humanos vem convivendo cada vez mais juntos o que levanta uma questão: afinal o que diferencia a tecnologia de nós?
Inteligência artificial é a tecnologia que, a partir da aprendizagem de máquina, consegue criar respostas inteligíveis em curtíssimo tempo.
Na ficção, essa tecnologia já foi apresentada de muitas maneiras, sempre se mostrando com uma capacidade sobre-humana.
Em uma dessas obras, a inteligência artificial aparece como parte de um androide que deseja ser um humano e passa centenas de anos na busca de ser reconhecido como tal.
O Homem Bicentenário (Bicentennial Man), lançado em 1999, é um filme baseado em um conto homônimo de Isaac Asimov.
Na história do robô Andrew, a questão sobre o que diferenciaria uma máquina inteligente de humanos aparece principalmente ao vermos o androide ir mudando seu corpo metálico por partes cada vez mais biológicas.
No ponto final da narrativa, a mais humanas das características aparece como o desfecho brilhante.
A morte é um destino, atualmente, impossível de ser evitado e é justamente ela que nos tornaria terrivelmente humanos.
Todos nossos aprendizados e até sentimentos podem ou poderão ser emulados por máquinas, mas o medo da morte é algo que só é conhecido por seres biológicos conscientes de si mesmos e da sua finitude.
Um sistema sempre pode ser reconstituído, pedaços de máquinas podem ser reconstruídos, reconectados e reativados, mas humanos não.
Ao contrário da criação de Frankenstein, nossas partes e nossa mente, uma vez mortas, não retornam, não podem ser reconstituídas ou reavivadas.
Inteligência Artificial e Humanos: E quando encontrarmos a imortalidade?
Há previsões de que nossa espécie pode um dia encontrar a imortalidade. Haverá, nesse tempo, meios tecnológicos suficientes para estender a vida humana por quanto desejarmos.
Se nesse tempo pudermos ainda expandir nossas capacidades com partes robóticas e chips que ampliem nosso processamento intelectual, teríamos então alguma diferença de máquinas?
Talvez a melhor resposta seja muito provavelmente não, mas tampouco isso importará, afinal teremos alcançado a completa simbiose entre tecnologia e biologia, nos tornando a primeira espécie a impulsionar sua evolução para além da natureza.
Esses seres humanológicos que seremos poderão configurar uma nova espécie que ainda nem conseguimos imaginar e levará a relação entre inteligência artificial e humanos a outro patamar.
Me parece empolgante imaginar o potencial dessa nova configuração.
Ainda precisaremos de oxigênio para respirar ou de alimentos orgânicos? Poderemos habitar outros planetas com facilidade e maior resistência?
As possibilidades são muitas, claro que aqui estou escolhendo um olhar otimista. Existem outros pessimistas, mas aqui escolhi o potencial positivo.
Contudo, atualmente esses sistemas chamados de Inteligência Artificial estão muito longe dessa visão ou mesmo da ficção.
Apesar de grande capacidade de processamento de informações e de construção de respostas inteligíveis, eles têm pouca capacidade de autonomia e nem de perto lembrariam a Samantha, o Sistema Operacional 1, por quem Theodore se apaixona no filme Her (2014).
As IA hoje são apenas softwares com grande capacidade de processamento e acesso a milhares de dados simultâneos com capacidade de dar respostas em textos que parecem ter sido escritos por humanos.
Mesmo as imagens construídas a partir de texto, ainda são apenas capacidades computacionais já conhecidas aplicadas de maneira diferente com resultados mais rápidos devido a ampliação da velocidade no processamento de dados e na forma de entregar resultados.
Ou seja, ainda temos um bom caminho para que uma simbiose humano-máquina aconteça de fato, ou que as máquinas cheguem à plenitude humana.
A mágica de hoje é apenas uma possível falta de compreensão de como essa tecnologia funciona, e, diante disso, costumamos atribuir a esses recursos tecnológicos uma capacidade exagerada, quase sobrenatural.
Claro que temos excelentes softwares para utilizar hoje e a forma de termos nossas respostas está cada vez melhor, o que é excelente.
Assim, aprender a usar esses recursos é importante para ampliar nossas capacidades produtivas e trazer mais qualidade e equilíbrio de vida, mas provavelmente nada muito além disso.
E nós humanos, tanto hoje quanto no futuro, seremos necessários para conectar as pontas soltas, algo da nossa natureza que as máquinas e as IA ainda vão demorar para entender e ainda mais para organizar.
Enquanto isso a inteligência artificial e humanos vão continuar convivendo e evoluindo, muito provavelmente em direção a união das duas partes e na redução das diferenças entre si.
Referências
Bicentennial Man. Disponível em: <https://letterboxd.com/film/bicentennial-man/>. Acesso no dia da postagem.