Por que haters usam violência como ferramenta e como cuidar de si mesmo nesse contexto

Haters usam a violência como forma de intimidação desde que a internet existe, então aprender técnicas para cuidar de nós mesmos nesse contexto é fundamental.

Um relatório apresentado pela ONG Comunica que Muda de 2016, por exemplo, mostra que o discurso de ódio promovido por haters se dividem em pelo menos 10 grupos principais.

Dentro dos comentários colhidos no período da pesquisa, o percentual dos discursos de ódio se dividiu da seguinte forma:

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  1. Racismo: 97,6%.
  2. Intolerância política: 97,4%.
  3. Aporofobia (aversão a pobres): 94, 8%.
  4. Discriminação estética: 94,2%.
  5. Homofobia: 93,9%
  6. Capacitismo: 93,4%
  7. Idadismo: 92,3%
  8. Intolerância religiosa: 89%
  9. Misoginia: 88%
  10. Xenofobia: 84,8%

Os percentuais foram calculados sobre total de comentários colhidos no período da pesquisa onde um mesmo comentário trazia inclusive mais de um tipo de discurso de ódio.

Um ponto que chama atenção nessa e outras pesquisas é o fato de que as postagens e comentários dos haters recebem muito engajamento.

Isso demonstra como a raiva tem maior poder de propagação que outros sentimentos.

Em pesquisa realizada pela Universidade da Pensilvania (EUA) a taxa de compartilhamentos de notícias do jornal New York Times era 34% maior quando tinha algum elemento que provocava raiva.

O segundo sentimento que mais provocou compartilhamento de conteúdo foi o medo e só em última posição a positividade apareceu como influência.

Sabendo disso, as redes sociais, ou plataformas de entretenimento social, vem apostando em sentimentos como ferramentas para manter as pessoas dentro de seus ecossistemas e gerar maior taxa de compartilhamento.

Isso porque, quanto mais pessoas acessarem e maior for o tempo delas interagindo e consumindo conteúdo na plataforma, maior o lucro com a exibição de anúncios.

Plataformas como o Facebook, por exemplo, já trazem formas rápidas de interagir com botão de reações e campo de comentários.

E, como a raiva e o medo parecem ter maior poder de engajamento e compartilhamento, é comum vermos esse tipo de conteúdo ganhando mais visibilidade e espaço.

Obviamente isso não é saudável e gera uma grande quantidade de problemas, de individuais até sociais.

Contudo, estar fora da internet e dessas plataformas é algo cada vez mais inviável.

Isso tanto para consumir notícias, informações e entretenimento quanto para conseguir emprego, oportunidades profissionais ou até vender mais.

Então, aprender a cuidar de si mesmo na internet, principalmente diante dos haters é fundamental.

Como podemos cuidar de nós mesmos contra os haters

O espaço on-line que permite às pessoas se esconderem atrás de perfis falsos dá uma coragem desmedida para a prática livre de violência.

Como é um espaço ainda sem regulamentação, é complicado a gente se proteger de forma mais contundente.

Até porque é do interesse das redes sociais que a raiva continue presente, já que ela ajuda no engajamento, compartilhamento de conteúdo e aumenta o tempo de uso.

Mas algumas técnicas podem nos ajudar, ou pelo menos aliviar essa pressão:

  • Respire fundo e aguarde um tempo antes de responder a um ataque, se possível mais de 24 horas.
  • Bloqueie pessoas e comentários que te fizerem mal, a visão diferente é bem-vinda, mas o ódio gratuito de haters dificilmente vai levar a alguma conversa útil.
  • Regule o tempo que você passa na internet e gerencie o que pode te atingir ou não usando técnicas como da Comunicação Não-violenta ou de Permissão para sentir, por exemplo.
  • Tenha atividades na “vida real”, longe da internet, de forma a tirar a pressão e a importância que essa “vida on-line” tem para você.
  • Procure as autoridades responsáveis se for necessário.

Se precisar de suporte, vale visitar o site da SaferNet que abriga iniciativas contra crimes de ódio e a delegacia contra crimes cibernéticos, caso haja uma unidade na sua cidade.

Referências

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. 20. ed. Editora Vozes: Petrópolis, 1999.

Suze Piza. Currículo Lattes. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/4813219687040252>. Acesso no dia da postagem.

Christian Dunker. Currículo Lattes. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/9092763119565269>. Acesso no dia da postagem.

Christian Dunker. Linkedin. Disponível em: <https://www.linkedin.com/in/christian-dunker-29b8a6145>. Acesso no dia da postagem.

Intolerância no Brasil. Comunica que muda. Disponível em: <https://www.comunicaquemuda.com.br/dossie/intolerancia-no-brasil/>. Acesso no dia da postagem.

Katherine L. Milkman. University of Pennsylvania. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/345698319_Emotion_and_Virality_What_Makes_Online_Content_Go_Viral>. Acesso no dia da postagem.

John Holcroft. Disponível em: <http://www.johnholcroft.com/?project=uncommissioned-editorial-work>. Acesso no dia da postagem.

Mchinato. Facebook. Disponível em: <https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1270506439760170&id=704555626355257&set=a.1225520747592073>. Acesso no dia da postagem.

Every Day Health. Disponível em: <https://www.everydayhealth.com/emotional-health/destructive-power-hate/>. Acesso no dia da postagem.

Cláudia Meireles. Metrópolis. Disponível em: <https://www.metropoles.com/colunas/claudia-meireles/caso-bruno-astuto-saiba-como-denunciar-crimes-de-odio-na-internet>. Acesso no dia da postagem.

SaferNet. Disponível em: <https://new.safernet.org.br>. Acesso no dia da postagem.

Secretaria de Segurança Pública SP. Guias de prevenção a crimes cibernéticos. Disponível em: <https://www.policiacivil.sp.gov.br/portal/faces/pages_home/noticias/crimesCiberneticos?_afrLoop=2060927416498432&_afrWindowMode=0&_afrWindowId=null#!%40%40%3F_afrWindowId%3Dnull%26_afrLoop%3D2060927416498432%26_afrWindowMode%3D0%26_adf.ctrl-state%3Drbjdsiy55_4>. Acesso no dia postagem.

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