Fazer 29 anos me fez parar e pensar sobre meus aprendizados e sentimentos ao chegar perto da virada de mais uma década.
Quando criança eu costumava ter uma visão gigante do futuro, como se o amanhã fosse tão incrível que seria como um show da Broadway.
Foram dias difíceis aqueles, faltava espaço, faltava autonomia e faltava reconhecimento. Minha voz era baixa, eu era gordo e o mundo era severo.
Tenho recordações claras de momentos-chave em idades muito específicas. Aos quatro, aos sete e aos oito anos vivi acontecimentos que marcariam e mudariam minha perspectiva de vida para sempre.
Sou hoje, claramente, um resultado das experiências pelas quais passei e muitas delas foram mais desafiadoras do que acalentadoras.
Almejei ver o mundo aos vinte, casar aos vinte e cinco e ver meu primeiro rebento aos trinta.
Pela ironia da vida entro nos vinte e nove longe de todos esses objetivos.
Percebo agora algo que esquecemos enquanto na infância, o fato da vida ser apenas uma soma sucessiva de tempo e daquilo que fazemos com ele.
Muito provavelmente nos meus sonhos as coisas aconteciam mais por mágica do que por ação minha e com isso certas coisas, claro, não aconteceram.
E não estou me culpando, apenas observando (uma das coisas que aprendi antes mesmo de fazer 29 anos).
Fiz coisas interessantes, não tão luxuosas quanto imaginei, mas na simplicidade do fazer consigo olhar para o passado e ver realizações relevantes.
Não realizei o maior dos meus sonhos, mas o bom disso é ele ainda ser um combustível para minhas ações e dedicação.
Vejo também que tenho menos sonhos para o futuro, pois a esperança na minha idade é algo usado com parcimônia. O romantismo da juventude já não tem mais o mesmo brilho e depois de tantas despedidas eternas, as coisas ficam mais realistas.
Aprendi a lutar muito pelo que quero, seguir em frente mesmo machucado e a sorrir diante das coisas simples.
Aprendi a valorizar meus gostos, respeitar meus limites e bancar meus desejos. Ser autêntico não é fácil, porém para mim nem foi uma escolha pessoal, mas provavelmente um fator genético.
Já sei que amigos vem e vão – e tudo bem –, que felicidade precisa da dor para existir e que vida é fugaz e rápida demais.
Conheço bem as mentiras que me conto, as artimanhas que uso contra mim e os mesmos erros que cometo há anos. Nem por isso sou mais inteligente ou imune, continuo errando e aprendendo.
Sei que tenho um ano para os trinta, mas já sinto o peso desse tempo com a cobrança daquele pequeno gordinho que sonhava com dias melhores. É quase como se ele pudesse me encarar de sua infinita inocência, crente no amor, na felicidade e na plenitude e me perguntar “e aí?”.
Espero que até esses 30 eu possa responder muito mais do que “e aí nada”.
Enquanto isso, ao fazer 29 anos só desejo que seja bem-vindo mais este ano e que eu sorria, celebre e viva ainda mais intensamente, sem esquecer que…
Eu devia sorrir mais
abraçar meus pais
viajar o mundo e socializar
só agradecer
tudo o que vier eu fiz por merecer