Estética é a Filosofia da Beleza que se dedica a estudar e compreender, a partir da racionalidade, o Belo e sua ausência, ou seja, o Feio.
Essa análise aparece tanto na natureza quanto nas manifestações artísticas e nos objetos comuns criados pelas pessoas.
Contudo, é importante entender que eu posso gostar de algo que é filosoficamente Feio, seja por gosto pessoal ou porque aprendi, por meio de estudo, a compreender esse algo e sua construção e assim sentir por ele admiração ou contentamento.
Logo definir algo como Belo ou Feio contribui para uma categorização do olhar, mas não necessariamente significa o afastamento ou rejeição de um e a aproximação do outro.
O que coloca algo como Belo ou Feio são os valores estéticos de uma sociedade ou grupo social, ou seja, para categorizar algo em um desses dois extremos é necessário compreender os valores estéticos de quem o observará.
Valores estéticos
Os valores estéticos são características que levam uma pessoa ou grupo de pessoas a reconhecer algo como Belo ou Feio.
Esse reconhecimento aparece como uma linha de dois extremos, que pode ir, por exemplo, de Sublime a Assustador.
Apesar dos valores estéticos terem base em questões culturais, existem também algumas características que são reconhecidas como universais, ou seja, são comumente percebidas como características do Belo pela maioria das pessoas.
Podemos citar a Harmonia e o Equilíbrio como duas características, ou valores estéticos, normalmente relacionadas ao Belo enquanto seu oposto está mais relacionado do Feio.
Ou seja, algo desarmônico e desequilibrado pode ser entendido como feio, o que não quer dizer que não causará contentamento ou mesmo prazer e conexão com o observador.
Assim, a Filosofia da Beleza é aplicada de forma bastante racional para qualificar objetos estéticos e não a relação da pessoa com ele.
Essa qualificação também pode mudar com o tempo, caso os valores estéticos venham a mudar, por exemplo.
Objetos estéticos
Existem 3 categorias de objetos estéticos, ou seja, capazes de serem analisados sob a ótica da Filosofia da Beleza.
São eles:
Objetos artísticos: Artigos criados pela humanidade com objetivo de serem apreciados como, por exemplo, uma pintura, uma escultura etc.
Objetos naturais: Elementos da própria natureza como, por exemplo, uma árvore, uma montanha, uma cachoeira e mesmo nós humanos e nossa constituição.
Objetos comuns: Artigos criados pela humanidade sem um objetivo de contemplação, mas que podem ser analisados pela Filosofia da Beleza como, por exemplo, uma caneta, uma jarra, uma cadeira etc.
Como o design aplica estética
O foco do trabalho do designer é trabalhar com os Objetos Comuns, seja na sua concepção ou redesenho, tornando-os produtos úteis para as pessoas.
Nesse sentido, é importante que o profissional compreenda primeiro a função que esse objeto terá na vida das pessoas. Podemos até dizer que a função do objeto é quase, por si só, o primeiro Valor Estético que deve ser aplicado e respeitado.
Além dele, é importante compreender a cultura das pessoas que usarão esse objeto e, a partir da pesquisa com o usuário, reconhecer os Valores Estéticos Culturais a serem respeitados e aplicados na configuração do produto.
Para além disso, o designer tem a sua disposição alguns recursos universais para seguir conseguindo desenhar sua solução de forma mais satisfatória para os usuários.
Quem melhor reuniu esse arcabouço básico foi a Gestalt, a Filosofia da Forma, que estuda o que um objeto deve reunir para ser mais adequado ao uso das pessoas.
A estética da forma
Segundo a Gestalt, a forma do Objeto Comum deve possuir o mais alto nível de pregnância que, por sua vez, é uma estrutura simples, equilibrada, homogênea e regular.
O objeto, portanto, deve apresentar harmonia, unificação, clareza e um mínimo de complicação visual em sua organização proporcionando fácil compreensão e rapidez de leitura, interpretação ou manuseio para as pessoas.
O Belo na Estética da Forma, também precisa se conectar com comportamentos automáticos ou conhecimentos prévios na mente das pessoas para que a forma seja reconhecida e o objeto usado ainda mais rapidamente.
Nesse sentido é possível analisar o design de um Objeto Comum ao analisar esses pontos apresentados pela Gestalt, compreendendo assim o grau de pregnância que esse objeto possui.
Quando mais alto o nível de pregnância, mais próximo do Belo esse objeto estará.
Contudo, se for intencional, o designer pode se afastar do Belo e usar conscientemente recursos para levar a solução para mais perto do Feio, se isso atender melhor o objetivo-fim desse objeto.
Daí a importância de o profissional de design estudar e conhecer bem os elementos a sua disposição para criar a melhor configuração dentro do contexto em que sua solução será utilizada.
Além da pregnância da forma, a Gestalt reúne mais sete leis que todo designer pode usar em sua rotina.
Uma boa referência para aprofundamento nesse sentido é o livro do João Gomes Filho – Gestalt do Objeto já detalhado aqui no blog.
Referências
SUASSUNA, Ariano. Iniciação à estética. 15. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018.
FILHO, João Gomes de. Gestalt do Objeto: Sistema de Leitura Visual da Forma. 9. ed. São Paulo: Escrituras, 2009.