Diego Felix é gerontólogo e fala sobre os elementos do envelhecimento ativo que podem inspirar o design para idosos.
Ele é artista plástico e desde a faculdade vem pesquisando sobre os processos artísticos e seus impactos na velhice.
Isso se deu principalmente devido a sua maior afinidade com pessoas da terceira idade.
Aliás, parte dessa afinidade vem da sua relação com o cuidado que realizou com seu pai e seus tios mais velhos.
Dentro dessas vivências e pensando em como a arte pode contribuir para o envelhecimento ativo, Diego acabou se aproximando da gerontologia.
A gerontologia é justamente a ciência que estuda o processo de envelhecimento.
Já o envelhecimento ativo trata de garantir que as pessoas idosas possam continuar escolhendo o que elas querem para suas vidas e exercendo essas escolhas ativamente.
Isso significa inclusive ela continuar contribuindo para construção de políticas e serviços que proporcionem o livre acesso, a valorização e a segurança plural durante a velhice.
Hoje seu foco está na pesquisa acadêmica e nos serviços da saúde e da assistência social, com foco na independência e autonomia da pessoa idosa.
Nesse sentido, observando como as pessoas idosas podem ter acesso à saúde, tanto na promoção e orientação, quanto na prevenção de doenças, e na questão dos direitos e da proteção contra violência.
Inclusive, quando falamos sobre design, negócios e tecnologia, uma pessoa idosa que não consegue acessar uma tecnologia também está sofrendo um tipo de violência.
Principalmente quando isso fere a independência e a autonomia dessa pessoa fazer coisas cotidianas, como usar um banco, por exemplo.
As dores e as necessidades amplas da velhice saudável
Pensar na velhice por uma ótica sociocultural também ajuda a enxergarmos a heterogeneidade ampla que compõe as necessidades humanas nessa fase da vida.
Isso porque, como seres humanos, precisamos muito mais do que uma ambivalência entre saúde e doença biológica para seremos felizes.
São vivências, experiências e acessos diferentes impactando nesse contexto, até porque o conceito de idoso ou pessoa idosa atualmente passa por muitas gerações, uma vez que estamos falando de pessoas dos 60 até os 100 anos.
Nesse aspecto podemos imaginar que a cada dez anos as necessidades, comportamentos e vivências podem mudar drasticamente de pessoa para pessoa.
A desigualdade socioeconômica também é uma das grandes dores quando falamos da vivência das velhices, até porque ela influencia, entre outras coisas, o acesso a serviços de qualidade, alfabetização ampla e até tecnologias de ponta.
Até mesmo ao falar da vivência na cidade é importante pensarmos no fluxo e no uso desses espaços sociais pela pessoa idosa.
Programas como a Cidade amiga do idoso da OMS (Organização Mundial da Saúde), por exemplo, já apresentaram diretrizes sobre esse tema que inclusive foram base para criação de algumas políticas públicas no Brasil.
No campo individual, a solidão, a incapacidade, a doença e o luto são questões de preocupação que aparecem para pessoas idosas.
Nesse aspecto, uma rede social de apoio fortalecida tem um papel crucial para a saúde ampla da pessoa idosa.
Como construir as tecnologias e o design para idosos
No campo da tecnologia, a invisibilidade e a solidão na velhice é uma questão que os robôs de companhia vêm ganhando um importante papel como uma solução funcional.
Mas de forma geral, romper com o idadismo ainda é algo fundamental ao falarmos sobre design, negócios e tecnologia.
Aqui vale a pergunta sobre como a gente consegue construir soluções tecnológicas que são acessíveis a todas as pessoas.
Além disso, o letramento sobre uso das tecnologias digitais é fundamental, pois as pessoas idosas podem estar ainda mais vulneráveis a ações maliciosas nesse espaço.
Aqui falamos tanto em construir soluções que incluam pessoas não alfabetizadas ou com baixa alfabetização, quanto o ensino sobre a averiguação de informações recebidas como verdadeiras ou falsas, como é o caso as notícias falsas (Fake News).
Um caminho que deve ser adotado no design para idosos visando tratar essas e outras questões é incluir as pessoas idosas na construção das soluções.
Isso tanto como pessoas que vão testar as ideias e soluções, quanto como membros das equipes de projeto.
Dessa forma será possível compreender se o uso é adequado e até se a ideia realmente soluciona algo desejado por esse público.
Para fechar, Diego Felix reforça que o importante ao desenharmos soluções para esse público é realmente escutar as pessoas idosas que, diferente de só ouvir, envolve qualificar a informação e o que é dito e então aplicar isso no mundo real.
Referências
Diego Felix Miguel. LinkedIn. Disponível em: <https://www.linkedin.com/in/diego-felix-miguel-87b67336/>. Acesso no dia da postagem.
Aspectos para uma velhice mais saudável. Faberhaus. Disponível em: <https://faberhaus.com.br/velhice-mais-saudavel/>. Acesso no dia da postagem.
OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde. Paho. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/brasil>. Acesso no dia da postagem.
Década do Envelhecimento Saudável nas Américas (2021-2030). OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/decada-do-envelhecimento-saudavel-nas-americas-2021-2030>. Acesso no dia da postagem.
Guia Global: Cidade amiga do idoso. Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à fome – Governo do Brasil. Disponível em: <https://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/Brasil_Amigo_Pessoa_Idosa/publicacao/guia-global-oms.pdf>. Acesso no dia da postagem.
São Paulo Amigo do Idoso. Secretaria de Desenvolvimento Social – Governo do Estado de São Paulo. Disponível em: <https://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/assistencia-social/sao-paulo-amigo-do-idoso/>. Acesso no dia da postagem.
Sobre robôs e humanos. Unesco. Disponível em: <https://www.unesco.org/pt/articles/sobre-robos-e-humanos>. Acesso no dia da postagem.
Persona e Perfis extremos. Faberhaus. Disponível em: <https://faberhaus.com.br/persona/>. Acesso no dia da postagem.