Deixe ir, deixe ir.
Guarde apenas o que te faz feliz.
O resto, deixe ir, deixe partir, deixe fluir.
Corra para liberar espaço, abrir os braços e ser feliz.
Pegue aquela camiseta e jogue na sacola.
A calça aperta vai junto embora.
O agasalho antigo, na caixa é só jogar.
E o cinto velho não vai voltar.
Tênis, sapatos e chinelos vão liberando espaço.
Atentos para não deixar nem um mínimo laço.
Guarde apenas o que te faz feliz diz a consultora
E nessa trilha eu sigo como exímia executora.
Se os objetos sentido não trazem mais.
Serão doados sem nem olhar para trás.
Pois o espaço que ocupam precisa de respiração
Para que uma nova vida possa entrar em erupção.
Com um movimento descontraído percebo sem querer,
Ops, dei mais um unfollow em um amigo que vai a se perder.
Ai meu deus o que fazer nessa situação?
Será que pessoas objetos se tornarão?
Não serve mais, não cabe aqui.
Apertado demais ou não me faz sorrir.
Felicidade será que ainda terei,
Me afastando de conhecidos com quem não me importei?
Moralidades que me cercam não param de perguntar:
Humanos acaso são coisas que se possam descartar?
Mesmo assim, com apenas um clique e um esquecimento,
Vou deixando morrer velhos relacionamentos.
Liberdade será que assim terei?
Ou um ser líquido de Bauman me tornei?
Corre assim a vida velha cheia de avareza.
Perseguindo seus objetivos de limpeza.
E na caixa de doações tudo já está prestes a se jogar:
Objetos, livros e pessoas de quem acabei por me separar.