Inteligência Coletiva: O poder do conhecimento plural

A Inteligência Coletiva de Pierre Lévy apresenta o poder da inteligência coletiva, potencializada pelas tecnologias digitais e pela internet.

Essa conexão inclusive inclusive permite uma conexão entre pessoas e seus conhecimentos como nunca antes na história da humanidade.

Uma provocação e um chamado para designers pensarem sobre como acessar e permitir a interconexão de pessoas para soluções dos problemas complexos da humanidade.

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Citações selecionadas de A Inteligência Coletiva

[espaço antropológico é] um sistema de proximidade (espaço) próprio do mundo humano (antropológico), e portanto dependente de técnicas, de significações, da linguagem, da cultura, das convenções, das representações e das emoções humanas” (LÉVY, 2000, p. 22).

[…] tornou-se impossível reservar o conhecimento, até mesmo seu movimento, a classes de especialistas. É o conjunto do coletivo humano que deve, daqui por diante, se adaptar, aprender e inventar para viver melhor no universo complexo e caótico em que passamos a viver” (LÉVY, 2000, p. 25).

Constituir o Espaço do saber seria, em especial, dotar-se dos instrumentos institucionais, técnicos e conceituais para tornar a informação “navegável”, para que cada um possa orientar-se e reconhecer os outros em função dos interesses, competências, projetos, meios, identidades recíprocos no novo espaço” (LÉVY, 2000, p. 25).

[…] o Espaço do saber incita reinventar o laço social em torno o aprendizado recíproco, da sinergia das competências, da imaginação e da inteligência coletivas” (LÉVY, 2000, p. 26).

[a inteligência] deve ser compreendida aqui como na expressão “trabalhar em comum acordo”” (LÉVY, 2000, p. 26).

Poderei associar minhas competências às suas, de tal modo que atuemos melhor juntos do que separados. As “árvores de competências”, hoje comuns em empresas, escolas e quartéis, permitem desde já ver o outro como um leque de conhecimentos no Espaço do saber, e não mais como um nome, um endereço, uma profissão ou um status social” (LÉVY, 2000, p. 27).

Mesmo que esteja desempregado, que não tenha dinheiro, não possua diploma, mesmo que more num subúrbio, mesmo que não saiba ler, nem por isso sou “nulo” […] todos os seres humanos têm direto ao reconhecimento de uma identidade de saber” (LÉVY, 2000, p. 28).

[…] a base e o objetivo da inteligência coletiva são o reconhecimento e o enriquecimento mútuos das pessoas, e não o culto de comunidades fetichizadas ou hipostasiadas” (LÉVY, 2000, p. 29).

[a inteligência coletiva é] uma inteligência distribuída por toda parte: tal é nosso axioma inicial. Ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na humanidade. Não existe nenhum reservatório de conhecimento transcendente, e o saber não é nada além do que o que as pessoas sabem” (LÉVY, 2000, p. 29).

A inteligência coletiva só tem inicio com a cultura e cresce com ela” (LÉVY, 2000, p. 31).

A sociedade de informação é uma mentira […] a economia girará – como já o faz – em torno do que jamais se automatizará completamente, em torno do irredutível: a produção laço, o “relacional”” (LÉVY, 2000, p. 41).

Ora, a riqueza das nações depende hoje da capacidade de pesquisa, de inovação, de aprendizado rápido e de cooperação ética de suas populações. Os que promovem a inteligência dos homens se encontram hoje na origem de toda prosperidade” (LÉVY, 2000, p. 44).

Nada é mais precioso que o humano. Ele é a fonte das outras riquezas, critério e portador vivo de todo valor. Que bem seria esse que não fosse saboreado, apreciado ou imaginado por nenhum outro membro de nossa espécie? Os seres humanos são, ao mesmo tempo, a condição necessária do universo e o supérfluo que lhe confere seu preço, compõem o solo da existência e o extremo de seu luxo: inteligências, emoções, envoltórios frágeis e protetores do mundo, sem os quais tudo voltaria ao nada. É por isso que defendemos que é preciso ser economista do humano, que é bom cultivá-lo, valorizá-lo, variá-lo e multiplica-lo, e não esbanjá-lo, destruí-lo, esquecê-lo, deixa-lo morrer por falta de cuidados e de reconhecimento. Mas não podemos permanecer no plano da enunciação de seus princípios. É necessário igualmente forjar instrumentos – conceitos, métodos, técnicas – que tornem sensível, mensurável, organizável, em suma, praticável o progresso em direção a uma economia do humano” (LÉVY, 2000, p. 47).

A informática é uma técnica molecular, pois não se contenta em reproduzir e difundir as mensagens (o que, aliás, faz melhor que a mídia clássica), ela permite sobretudo engendrá-las, modificá-las à vontade, conferir-lhes capacidade de reação de grande sutileza, graças a um controle total de sua microestrutura” (LÉVY, 2000, p. 53).

O digital autoriza a fabricação de mensagens, sua modificação e mesmo interação com elas” (LÉVY, 2000, p. 53).

As bases de dados [digitais], sistemas especialistas, tabuladores, hiperdocumentos, simulações interativas ou outros mundos virtuais são potenciais de texto, de imagens, de sons ou mesmo de qualidades táteis que situações específicas atualizam de mil maneiras. O digital reencontra assim a sensibilidade ao contexto das tecnologias somáticas [presença efetiva do corpo vivo como, por exemplo, as performances ao vivo como dança e canto], ao mesmo tempo em que conserva a potência de gravação e de difusão da mídia [fixam e reproduzem as mensagens assegurando-lhes o maior alcance e difusão no tempo e espaço mesmo quando da ausência do corpo vivo]” (LÉVY, 2000, p. 53).

Como tornar evidente para todos que o outro é um portador único de savoir-faire e de criatividade” (LÉVY, 2000, p. 55).

Só pode existir grupo orgânico se cada um dos seus membros sabe o nome dos outros […] apela-se as tecnologias políticas de transcendência a medida que o grupo se torna demasiado numeroso para que os indivíduos se conheçam por seu nome e possam compreender em tempo real o que fazem juntos” (LÉVY, 2000, p. 55).

Já para a política molecular, os grupos não são considerados fontes de energia a serem utilizadas no trabalho, nem forças a explorar, mas inteligências coletivas que elaboram e reelaboram seus projetos e recursos, refinam seus constantemente suas competências, visam indefinidamente o enriquecimento de suas qualidades” (LÉVY, 2000, p. 56).

A inteligência coletiva em tempo real e em grande escala necessita de infraestrutura técnica adequada” (LÉVY, 2000, p. 57).

O uso socialmente mais rico da informática comunicacional consiste, sem dúvida, em fornecer aos grupos humanos os meios de reunir suas forças mentais para constituir coletivos inteligentes e dar vida a uma democracia em tempo real” (LÉVY, 2000, p. 62).

[a] democracia direta em tempo real, no ciberespaço, permitiria a cada um contribuir de maneira contínua para a elaboração e o aperfeiçoamento dos problemas comuns, para a abertura de novas questões, para a formulação de argumentos, para enunciar e adotar posições independentes umas das outras sobre grande variedade de temas” (LÉVY, 2000, p. 65).

O ciberespaço constitui um campo vasto, aberto, ainda parcialmente indeterminado, que não se deve reduzir a um só de seus componentes. Ele tem vocação para interconectar-se e combinar-se com todos os dispositivos de criação, gravação, comunicação e simulação” (LÉVY, 2000, p. 104).

Referências

LÉVY, Pierre. A Inteligência Coletiva: por uma Antropologia do Ciberespaço. 3. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2000.

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