A Descoberta do Fluxo: O estado ótimo de trabalho

A Descoberta do Fluxo de Mihaly Csikszentmihalyi aborda os elementos que nos colocam em um estado de fluxo (flow).

O fluxo (flow) é momento em que a atividade que estamos executando nos absorve tão profundamente que perdemos a noção do tempo e espaço e entramos em um estado de foco e atenção total.

Uma excelente obra para compreendermos características fundamentais para construir experiências ricas e envolventes que resultarão em felicidade e prazer para quem passar por elas.

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A teoria também foi estudada pelo designer Travor Van Gorp

Design para emoção e Flow de Travor Van Gorp debate os estudos da teoria da Descoberta do Fluxo como forma de equilibrar a emoção de usuários.

A seguir alguns insights e achados do conteúdo de Travor Van Gorp.

1. Causas do Fluxo (Flow):

  • Objetivo claro
  • Desafio para o qual as pessoas se sintam confiantes de terem as habilidades necessárias para resolver
  • Feedbacks imediatos sobre o sucesso das tentativas de alcançar esse objetivo

2. Características do Fluxo (Flow):

  • Abertura para coisas novas
  • Aumento de aprendizado
  • Aumento do comportamento exploratório
  • Sentimentos positivos
  • Sensação de controle sobre as interações
  • Total concentração e atenção focada

3. Consequências do Fluxo (Flow)

  • Distorção da noção de tempo
  • Perda da consciência do eu
  • Percepção da atividade como algo intrinsicamente recompensador

Nesse estado de consciência, as pessoas frequentemente experimentam uma intensa concentração com sentimentos de prazer aliados em um pico de desempenho. Horas passam no que parecem minutos” (GORP, 2008, p. 1)

Comece removendo distrações ou impedimentos onde for possível. Tanto físicos quando artefatos interativos, isso significa reduzir ou eliminar tanto distrações externas (ambientais) quanto internas (dores, desconfortos e ansiedades), responsáveis por emoções como frustrações ou desconfortos físicos” (GORP, 2008, p. 2)

A eficiência do layout, design de informação, tipografias e design de interação ajudam a balancear a percepção do desafio versus as habilidades e conhecimentos dos usuários” (GORP, 2008, p. 2)

Informações devem ser quebradas em pedaços gerenciáveis que não sobrecarreguem as capacidades cognitivas dos usuários” (GORP, 2008, p. 2)

Ao pensar em balancear a percepção dos usuários quanto ao desafio, pense nesses dois caminhos: Um desafio muito grande com poucas habilidades para resolve-lo causa ansiedade; um desafio muito pequeno para alguém com muita habilidade para resolve-lo causa tédio” (GORP, 2008, p. 2)

Fluxo (Flow), acontece entre a ansiedade e o tédio” (GORP, 2008, p. 2)

Simplicidade ajuda a diminuir a ansiedade para novatos e especialistas, o que é crucial em situações altamente estressantes” (GORP, 2008, p. 6)

Citações selecionadas de A Descoberta do Fluxo 

A casualidade do nascimento coloca uma pessoa em um nicho que determina em grande parte em que tipo de experiências sua vida consistirá” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 16)

Felizmente, existem oportunidades suficientes para a iniciativa pessoal e a escolha para fazer uma diferença real. E aqueles que acreditam nisso são os que têm mais chance de se libertar dos grilhões do destino” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 17)

Viver significa experimentar – por meio de atos, sentimentos, pensamentos” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 17)

Naturalmente, o modo como investimos o tempo não depende apenas de nossa vontade. Como já vimos antes, limitações severas ditam o que podemos fazer como membros da raça humana, ou como participantes de determinada cultura ou sociedade” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p.17)

“Segundo A Descoberta do Fluxo Não queremos realmente a riqueza, ou saúde, ou a fama por si sós – queremos essas coisas porque esperamos que elas nos tornem felizes” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 26)

Quando nos sentimos ativos e fortes, temos maior probabilidade de nos sentirmos felizes, de modo que, com o tempo, a escolha do que fazemos também afetará a nossa felicidade” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 29)

Sem sonhos, sem riscos, só uma imagem superficial da vida pode ser alcançada” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 29)

Uma pessoa pode desenvolver uma baixa autoestima porque estabelece metas elevadas demais, ou porque alcança muito poucos sucessos. Assim, não é necessariamente verdadeiro que a pessoa que realiza mais terá autoestima mais elevada. Ao contrário do que poderíamos esperar, os estudantes ásio-americanos que têm notas excelentes tendem a ter uma autoestima mais baixa do que outros menos bem-sucedidos na escola, porque proporcionalmente suas metas são ainda mais elevadas do que seus sucessos” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 31)

Daí segue que, ao contrário do que se pensa, aumentar a autoestima das crianças nem sempre é uma boa idéia – especialmente se isso é obtido ao reduzirmos suas expectativas” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 31)

Sem foco a consciência se torna caótica” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 34)

O fluxo costuma ocorrer quando uma pessoa encara um conjunto claro de metas que exigem respostas apropriadas. É fácil entrar em fluxo em jogos como xadrez, tênis e pôquer, porque eles possuem metas e regras para ação que tornam possível ao jogador agir sem questionar o que deve ser feito e como fazê-lo. Durante o jogo, o jogador vive em um mundo reservado onde tudo está em preto-e-branco [clareza de metas e regras]” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p.36)

Outra característica das atividades de fluxo é que elas oferecem um feedback imediato; elas deixam claro seu desempenho. Depois de cada movimento de um jogo, você pode dizer se melhorou sua posição ou não” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 37)

O fluxo tende a ocorrer quando as habilidades de uma pessoa estão totalmente envolvidas em superar um desafio que está no limiar de sua capacidade de controle” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 37)

Quando as metas são claras, o feedback compatível e os desafios e habilidades estão equilibrados, a atenção se torna ordenada e recebe total investimento” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 38)

Quando todo o ser de uma pessoa é levado ao funcionamento total do corpo e da mente, o que quer que se faça torna-se digno de ser feito por seu próprio valor; viver se torna sua própria justificativa. No foco harmonioso das energias físicas e psíquicas, a vida enfim se torna realmente significativa” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 38)

“Segundo A Descoberta do Fluxo, durante a experiência de fluxo não temos como nos sentir felizes, pois nossa atenção e energia estão totalmente voltadas a execução da tarefa, Só depois de completar a tarefa é que temos tempo para olhar para trás e ver o que aconteceu, e então somos inundados com a gratidão pela excelência da experiência – desse modo, retrospectivamente, somos felizes” (CSIKSZENTMIHALYI, p. 39)

Não há nenhuma lei que nos obrigue a experimentar a vida da mesma maneira. O que é vital é descobrir o que funciona melhor no nosso caso” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 52)

A maioria das atividades que produz fluxo também tem metas claras, regras claras, feedback imediato – um conjunto de exigências externas que focaliza nossa atenção e requer o uso de nossas habilidades” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 69)

Quando o estilo de vida de um grupo social se tornar obsoleto, quando o trabalho se tornar uma rotina tediosa e as responsabilidades comunitárias perderem o significado, é provável que o lazer se torne cada vez mais importante. E se uma sociedade se torna dependente demais do entretenimento, provavelmente haverá menos energia psíquica para lidar de maneira criativa com os deságios tecnológicos e econômicos que inevitavelmente surgirão” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 78)

Como Yalow descreve sua própria experiência: “Algo acontece, e você reconhece que aconteceu.” Parece simples, mas a maioria de nós geralmente está distraída demais para reconhecer quando algo acontece” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 104)

Permanecer junto só se torna agradável quando existe harmonia entre as metas dos participantes e quando todos estão investindo energia psíquica em uma meta conjunta” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 111)

”Autotélica” é uma palavra composta de dois radicais gregos: auto (relativo ao indivíduo) e telos (meta, finalidade). Uma atividade autotélica seria realizada por si mesma, tendo a experiência como meta principal. Por exemplo, se eu jogasse xadrez principalmente para apreciar o jogo, então a partida seria uma experiência autotélica para mim, mas se eu jogasse por dinheiro, ou para alcançar um nível competitivo no meio enxadrístico, o mesmo jogo seria principalmente exotélico, isto é, motivado por uma meta externa. Quando aplicado a uma personalidade, autotélico denota um indivíduo que geralmente faz as coisas por si mesmas, em vez de alcançar alguma meta externa posterior” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 114)

O que realmente importa é apreciar a atividade por ela mesma, e saber que o que vale não é o resultado, mas o controle que a pessoa está adquirindo sobre a própria atenção” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 126)

Com o passar dos anos, nossa experiência seguirá o roteiro escrito pela biologia e pela cultura. A única maneira de tornar posse da vida é aprender a coordenar a energia psíquica e a nossa vontade” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 127)

Mas as crianças que sofrem maus-tratos podem crescer construindo uma imagem desesperançada, ou vingativa, de self; as crianças que são mimadas sem ser amadas podem desenvolver selfies narcisistas” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 130)

O próprio ato de estabelecer uma meta anula grande parte da dificuldade de uma tarefa” (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 134)

Referências

CSIKSZENTMIHALY, Mihaly. A Descoberta do Fluxo: A Psicologia do Envolvimento com a Vida Cotidiana. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

SCHAUFELI, Wilmar B.; SALANOVA, Marisa. Burnout, Boredom and Engagement in the Workplace. WILMAR Schaufeli, [s.d.]. Disponível em <http://pdodds.w3.uvm.edu/research/papers/others/1980/russell1980a.pdf>. Acesso em 29 de setembro de 2023.

RUSSELL, James A. A circumplex model of affect. JOURNAL of Personality and Social Psychology, 1980. Disponível em <http://pdodds.w3.uvm.edu/research/papers/others/1980/russell1980a.pdf>. Acesso em 29 de setembro de 2023.

GORP, Travor Van. Design for Emotion and Flow. 2008. Disponível em: <http://www.boxesandarrows.com/view/design-for-emotion>. Acesso em 24 de mar. de 2011.

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