7 tendências em design que podem mudar a forma como produzimos e consumimos produtos e serviços e foi realizada pelo IIT Instituto of Design.
Depois que muitos estudos e artigos como os das empresas Fjord, InVision e McKinsey já demonstrarem o porquê design é valoroso para as empresas, a pesquisa identificou que a próxima etapa agora é entender como esse valor é criado e disseminado.
A pesquisa reúne, então, as principais questões para essa nova etapa, sendo:
- Como o design pode entregar o maior valor às organizações, agora e no futuro?
- Como o design pode operar em escala? E como a escala eficiente realmente se parece?
- Como as habilidades de design devem se expandir nos próximos anos, principalmente à medida que as competências básicas se tornam padrão para os colaboradores?
- Como as descrições do trabalho do designer mudarão?
O mesmo relatório também mapeou 7 grandes tendências cruciais para essa nova etapa de entendimento e desenvolvimento do design, sendo elas:
1. Sistemas sustentáveis estão se tornando inegociáveis.
Em vez de projetar departamentos de responsabilidade social para compensar soluções insustentáveis, as empresas estão trabalhando para incorporar um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo em seus sistemas de desenvolvimento, algo cada vez mais requisitado pela sociedade e pelos colaboradores das empresas.
Nesse sentido as empresas devem manter o foco em garantir que as operações, sistemas e funcionamento interno da organização possam ser escalados, com eficiência e mantendo a perfeição.
2. Diversidade é o que habilita o crescimento.
O pensamento diversificado em torno dos problemas essenciais é fundamental para a inovação, é o “molho secreto” para superar a concorrência.
E o processo de design amplia a diversidade na tomada de decisões organizacionais, reunindo equipes multifuncionais para realizar de forma colaborativa uma visão executiva por meio das fortes habilidades de facilitação e colaboração presentes no design.
3. Novos modelos educacionais estão surgindo e se expandindo.
Ensinos formais de quatro anos estão sendo cada vez mais substituídos por formatos mais dinâmicos, flexíveis e modulares.
Isso com intuito de ultrapassar silos educacionais e construir um repertório educacional mais múltiplo capaz de solucionar diferentes tipos de problemas e contextos.
Como o campo de design está crescendo e mudando em um ritmo acelerado, muitos designers estão procurando complementar seus diplomas formais com certificados, programas online ou educação continuada em design, negócios e / ou tecnologias emergentes.
4. Automação intelectual (inteligência artificial) vem desafiando o status quo.
A automação intelectual é vista como uma tecnologia que pode aumentar a produtividade, fortalecer a conformidade regulatória e ajudar as organizações a extrair significado de conjuntos de dados cada vez maiores.
Nesse contexto, designers e as equipes multifuncionais que eles facilitam terão que “humanizar” as aplicações dessas tecnologias automatizadas no negócio e prepará-las para o futuro (o máximo possível) com consequências indesejadas de longo prazo.
5. Ética é uma prioridade para os meios digitais.
Cada vez mais a ética e a transparência vêm se tornando uma preocupação da sociedade, empresas e governos.
Nesse contexto é necessário forte investimento e engajamento nesse setor para garantir o máximo de segurança, proteção e respeito para toda a cadeia de valor entre empresas e seus clientes.
O design, reconhecido por impor e defender valores por meio de um trabalho contínuo centrado no cliente, pode trazer uma mentalidade de “freios e contrapesos” éticos necessários para as conversas sobre as atividades corporativas.
6. Recursos digitais estão em todos os lugares.
A fronteira entre os mundos físico e digital está se desfazendo e a Internet fica cada vez mais presente e invisível em praticamente tudo no nosso dia a dia – como aprendemos, trabalhamos, brincamos, nos movemos, comemos, fazemos compras e relaxamos.
A disposição de desafiar as estruturas legadas permitirá que as organizações construam e produzam ecossistemas responsivos de informações, produtos e serviços que oferecem suporte às experiências contínuas desejadas e personalizadas que as pessoas esperam cada vez mais.
7. Valores básicos contam mais que nunca no mundo centrado no cliente.
Os clientes têm cada vez mais maneiras de expressar suas preocupações e esperam ter oportunidades de participar das empresas. Além disso, eles geralmente desejam que suas experiências sejam ininterruptas, fluidas e variadas.
Juntos, esses altos padrões de atendimento aos usuários estão levando as organizações a descartar seus silos internos em favor da integração, mantendo a responsabilidade social na linha de frente do processo de desenvolvimento de suas soluções.
Aspectos fundamentais que essas tendências apresentam
Para trabalhar com essas 7 grandes tendências é importante que times de design e a própria empresa tenham em mente dois aspectos fundamentais:
A mudança começa de dentro para fora: Ter o design como ferramenta para obter vantagem competitiva requer compreender e servir não apenas o cliente e o mundo do cliente, mas também aos próprios colegas e à organização. A mudança tem que acontecer já dentro da corporação.
As lentes de negócio se expandiram: Trabalhar com os complexos contextos atuais exigem dos times de design e das organizações olharem para além da tríade entre viabilidade, lucratividade e desabilidade. Outras lentes agora se tornam fundamentais para negócios sustentáveis.
Como trabalhar com essas 7 tendências em design
Realizar um trabalho holístico e assim conseguir conciliar as 7 grandes tendências exige do time de design algumas ações cruciais.
A seguir as principais ações para o time e a corporação estarem preparadas para lidar com essas tendências.
Crie um Caminho Intenção-Realização
Para que uma estratégia tenha sucesso em impulsionar uma organização para frente, ela precisa ser [a] intencionada (imaginada) e [b] realizada (gerar efeito), sendo que:
[a] Intenção: é a estratégia em si, ou seja, para onde a organização vai. Essa parte pode ser deixada para profissionais de negócios que contam com múltiplas fontes (incluindo design) para ajudar a formar seu planejamento.
[b] Realização: é a tradução das ideias abstratas e visionárias da intenção em resultados concretos e tangíveis. Essa é a oportunidade real para o design causar impacto.
Em outras palavras, os executivos continuam responsáveis por definir a visão de uma organização. O design torna-se responsável por tornar essa visão real e facilitar esse processo por meio de outras áreas da organização e de um caminho estruturado que vai da intenção até a realização.
Cultive as habilidades necessárias para o Caminho Intenção-Realização
O caminho para concretizar a intenção passa por algumas habilidades fundamentais que, segundo a pesquisa do IIT Institute of Design, podem ser reunidas em 6 grandes aspectos:
- Narrativa (storytelling).
- Prototipagem (prototype).
- Previsão (foresight).
- Facilitação (facilitation).
- Colaboração (collaboration).
- Pensamento sistêmico (system thinking).
Organize as novas funções que o Caminho Intenção-Realização requer
Para apoiar a construção e gerenciamento desse caminho que leva as empresas a lidarem melhor com as 7 grandes tendências em design surgem também novos papeis e responsabilidades dentro do time de design.
Essas funções podem ser resumidas em 4:
- Parceiro de visão executiva: Apoia o desenvolvimento da visão estratégica.
- Intérprete de visão: Define o grande plano para concretizar a visão estratégica.
- Alinhador de ação: Operacionaliza e coordena as ações para concretizar a visão estratégica.
- Produtores: Desenvolve os artefatos de design que juntos concretizarão a visão estratégica.
Alimente o volante de design para realizar o Caminho Intenção-Realização
O volante de design (flywheel of design) ilustra as ações principais e consistentes que uma organização precisa realizar para apoiar as operações de design dentro da empresa.
Quando uma organização alimenta uma parte de seu volante de design, ela cria efeitos em cascata em outra parte do volante, apoiando o design a se tornar uma função indispensável da organização.
Finalmente, é importante que o time trabalhe para remover todas as barreiras e pavimentar o Caminho Intenção-Realização dentro da sua organização.
Para isso é possível usar algumas ações adicionais:
- Deixe a linguagem mais clara: Precisamos deixar a linguagem de design mais simples, fácil e acessível principalmente para quem não é designer. Além disso, precisamos deixar claro como o design e suas diferentes especialidades trabalham juntas entre si e com outras especialidades para concretizar a visão estratégica.
- Entenda bem seu negócio: O design deve se tornar mais humilde, honesto e voltado para todos, assim alcançando seu potencial máximo e escalando amplamente nas organizações do futuro. Isso engloba estender a empatia comum desse profissional para além dos clientes, abraçando também outros profissionais e áreas internas e suas perspectivas.
- Avalie o impacto: Precisamos criar e gerenciar medidas de impacto no trabalho realizado, e não só métricas como o volume de solicitações de design provenientes da organização, número de designers na equipe, prêmios de design recebidos, mas também outros aspectos e impactos no negócio.
- Lidere o caminho: Não existe uma receita exata de como estruturar, planejar ou contratar para a nova era do design nas organizações. Muito dependerá de onde você esteve, de onde está agora e de onde vê os ventos da mudança soprando em seu setor. O ponto central talvez seja se adaptar e trabalhar para aplicar as tendências e seus desdobramentos elevando o valor do design dentro de cada contexto.
Referências
IIT Institute of design. Disponível em: <https://id.iit.edu/wp-content/uploads/2020/01/IIT-ID-Pathways-Report-2020.pdf>. Acesso no dia da postagem.
*Traduções do material original em inglês feitas livremente.