A influência das cores nas emoções e decisões humanas são bem fortes e estão presentes muitas vezes até de forma inconsciente.
Por exemplo, você já se sentiu ansioso em um quarto amarelo? Ou talvez a cor azul tenha o efeito calmante e relaxante em você?
Pois é, artistas e designers de interiores sempre defenderam a ideia de que as cores têm o poder de afetar drasticamente nosso humor, sentimentos e emoções.
Afinal, como afirmou Pablo Picasso: “As cores, como os traços, acompanham as mudanças das emoções”.
A psicologia confirma essa crença, entendendo que a cor é uma ferramenta poderosa de comunicação, capaz de sinalizar ação, influenciar o humor e até mesmo desencadear reações fisiológicas.
Mas como exatamente as cores funcionam nesse processo? E de que maneira elas afetam nosso humor e comportamento?
A influência das cores: da cultura à terapia
Desde as descobertas pioneiras de Isaac Newton em 1666, quando ele percebeu que a luz branca se divide em todas as cores visíveis ao passar por um prisma, até os estudos modernos sobre psicologia das cores, temos aprendido muito sobre esse fenômeno.
Descobriu-se, por exemplo, que cada cor é composta por um único comprimento de onda e que a combinação de cores pode criar uma ampla gama de tons.
A psicologia das cores é o estudo dessas relações entre cores e comportamento humano.
Também já se sabe que as cores podem ter significados diferentes em culturas distintas e que nossas próprias experiências pessoais também moldam nossas associações com elas.
Por exemplo, enquanto o branco pode representar pureza no Ocidente, é visto como um símbolo de luto em muitas culturas orientais.
Mas por que as cores têm um impacto tão profundo em nossas vidas? E como esses efeitos se manifestam em nossos corpos e mentes?
Embora as percepções de cor sejam em parte subjetivas, há efeitos de cores que têm significado universal.
As cores quentes, como vermelho, laranja e amarelo, são conhecidas por evocar sentimentos de calor, conforto, mas também de raiva e hostilidade e tem maior apelo para influenciar ações.
Por outro lado, as cores frias, como azul, roxo e verde, tendem a transmitir calma, embora possam também evocar sentimentos de tristeza ou indiferença e tendem a ter menor capacidade de influência para gerar ações e movimento.
E essas associações não são apenas observações superficiais, mas podem ser medidas em sensações e pesquisas com pessoas, por exemplo.
Inclusive culturas antigas, como os egípcios e chineses, já praticavam a cromoterapia, acreditando que as cores podiam ser usadas para curar ao influenciar estados emocionais e impactar a mente e os pensamentos.
Essa terapia ainda é praticada hoje, onde cores específicas são utilizadas para estimular ou acalmar o corpo e a mente.
A influência das cores em produtos e ações
Com esse poder de influência, como as percepções de cor se traduzem em decisões diárias, como as escolhas de produtos que fazemos?
Bom, a cor de um produto pode influenciar nossa percepção sobre ele e até mesmo refletir nossa personalidade.
Vejamos um exemplo: a preferência por cores vibrantes pode indicar uma personalidade extrovertida, enquanto cores mais sóbrias podem sugerir sofisticação ou conservadorismo.
Nesse sentido, uma empresa que conhece os tipos de clientes que possui pode escolher usar uma paleta mais extrovertida ou algo mais conservador para se adaptar melhor com essas pessoas.
Associações mais diretas na nossa cultura, por exemplo, também influenciam decisões para cores primárias ou centrais de marcas.
Assim é comum vermos empresas de um mesmo segmento preferir usar determinadas cores como, por exemplo, azul para empresas que querem transmitir mais segurança e tradição, como em segmentos seguro ou saúde.
Já o roxo pode aparecer em empresas que querem parecer mais criativas e joviais.
Claro que cada cor e mesmo a junção de cores vai ter uma percepção diferente dependendo da cultura e do estímulo que ela possui no cérebro.
É por isso que o designer estuda essa disciplina para compreender que cor ou cores usar, quando usar e por que usar.
Assim podemos dizer que a influência das cores em nossas emoções e decisões é profunda e multifacetada.
Desde a maneira como nos sentimos em um ambiente até as escolhas que fazemos no dia a dia, as cores desempenham um papel fundamental em nossa experiência.
Isso comunicando mensagens poderosas que vão além das palavras, por isso sua aplicação deve sempre ter uma boa estratégia de embasamento.
A estrutura da cor
Além das associações emocionais e culturais, é importante compreender a estrutura da cor para entender como ela influencia nossas emoções e decisões.
A cor não é apenas uma entidade singular, mas sim uma interação complexa de diferentes elementos.
O primeiro desses elementos é o matiz, que se refere à própria cor, como vermelho, azul ou verde.
O matiz é o aspecto mais básico da cor e é determinado pela frequência da luz que é refletida ou emitida por uma superfície.
Outro elemento fundamental é o valor, que se refere à luminosidade ou escuridão de uma cor.
Valores mais altos indicam cores mais claras, enquanto valores mais baixos indicam cores mais escuras.
Por exemplo, o rosa claro tem um valor alto, enquanto o vinho tem um valor mais baixo.
Por fim, temos o croma, que se refere à pureza ou intensidade de uma cor.
Um croma alto indica uma cor mais pura e vibrante, enquanto um croma baixo resulta em tons mais suaves ou desbotados da cor.
Por exemplo, um vermelho intenso terá um alto croma, enquanto um rosa pálido terá um croma mais baixo.
Esses três elementos juntos formam a estrutura completa de uma cor e desempenham um papel fundamental em como percebemos e respondemos a ela.
Entender a interação entre matiz, valor e croma pode nos ajudar a criar ambientes mais harmoniosos e eficazes, seja no design de interiores, na publicidade ou em outras formas de comunicação visual.
Lembrando que a combinação das cores também precisa ser estudada nesse sentido.
O círculo cromático para composição de cores
Basicamente temos algumas possibilidades de combinação de cores que tem maior probabilidade de funcionar melhor e impactar as pessoas de forma mais efetiva.
Elas usam o círculo cromático para encontrar cores ideais de serem colocadas juntas.
O círculo cromático é uma representação visual das cores organizadas em uma forma circular.
Ele contém todas as cores do espectro visível, dispostas em uma sequência lógica.
As cores são dispostas de maneira que as cores primárias (vermelho, azul e amarelo) estejam equidistantes umas das outras.
Além disso, o círculo cromático mostra as cores secundárias (obtidas pela mistura das cores primárias) e as cores terciárias (resultantes da mistura das cores secundárias).
Dentro do círculo, para combinar cores, podemos usar, por exemplo:
Tríade de primárias
Este esquema usa três cores equidistantes no círculo cromático.
As cores tríades são vibrantes e contrastantes, mas equilibradas.
Elas oferecem uma variedade de opções para criar uma composição visualmente interessante.
Por exemplo, amarelo, azul e vermelho formam uma tríade.
Tríade de secundárias
Este esquema usa três cores equidistantes no círculo cromático.
As cores tríades são vibrantes e contrastantes, mas equilibradas.
Elas oferecem uma variedade de opções para criar uma composição visualmente interessante.
Por exemplo, amarelo, azul e vermelho formam uma tríade.
Cores Análogas
Cores análogas são aquelas que estão próximas umas das outras no círculo cromático.
Essas combinações criam harmonia visual, pois compartilham uma tonalidade comum.
Por exemplo, combinações de azul, azul-verde e verde criam uma paleta análoga.
Quadrado (Tetrad)
Neste esquema, quatro cores igualmente espaçadas no círculo cromático são combinadas.
Oferece uma grande variedade de opções de cor, mantendo o equilíbrio visual.
É importante usar cores em proporções adequadas para evitar que a composição pareça desequilibrada.
Por exemplo, vermelho, azul, verde e amarelo formam um esquema de cores quadrado.
Complementares
Cores complementares são aquelas que estão diretamente opostas umas às outras no círculo cromático.
Essas combinações criam um forte contraste, tornando-as ideais para chamar a atenção.
Elas são frequentemente usadas em design para enfatizar elementos específicos.
Por exemplo, laranja e azul são cores complementares.
Complementares Divididas
Este esquema é uma variação das cores complementares, onde adicionamos as duas cores adjacentes às complementares originais.
Isso cria uma paleta mais ampla e suaviza o contraste enquanto mantém o impacto visual.
Por exemplo, se as cores complementares são vermelho e verde, as cores complementares divididas seriam vermelho, amarelo-verde e azul-verde.
Referências
PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. São Paulo: Senac, 2010.
GUIMARAES, Luciano. A cor como informação: A construção biofísica, linguística e cultural da simbologia das cores. 3. ed. São Paulo: Annablum, 2004.
LUPTON, Ellen. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac & Naify, 2008.
Colab55. Disponível em: <https://www.colab55.com/collections/como-usar-o-circulo-cromatico-para-escolher-as-cores-na-decoracao>. Acesso no dia da postagem.
Archtrends. Disponível em: <https://blog.archtrends.com/circulo-cromatico/>. Acesso no dia da postagem.
Psicologia das cores. Disponível em: <https://psicologia.bsb.br/2020/07/03/psicologia-das-cores/#:~:text=As%20rea%C3%A7%C3%B5es%20as%20cores%20podem,podem%20ser%20calmantes%20ou%20deprimentes.>. Acesso no dia da postagem.
Design Portugal. Disponível em: <https://designportugal.net/porque-e-o-logotipo-da-mcdonalds-tao-bem-sucedido/>. Acesso no dia da postagem.
Toda Matéria. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/piet-mondrian-obras-biografia/>. Acesso no dia da postagem.