Um livro que acabou comigo foi o Mundo Codificado do Vilém Flusser.
E ele acabou comigo especificamente num trecho em que ele faz uma revelação para mim espetacular.
Ele conta uma coisa que eu fiquei: “Meu Deus! Isso é incrível, esteve o tempo todo na minha frente e eu nunca tinha visto”.
Porém ele termina esse trecho dizendo: “Mas isso que eu falei é óbvio, agora eu vou contar o que realmente é importante”.
E ele continua o capítulo.
A questão é que o óbvio para mim estava sendo invisível e ele tornou visível.
Isso me fez pensar o quanto às vezes a gente acha que o óbvio está sendo compreendido ou visto por todas as pessoas ao nosso redor, mas isso não é necessariamente verdade.
Eu me senti muito grato pelo Vilém Flusser ter começado o capítulo contando o óbvio para daí concluir o pensamento dele.
Porque o que era óbvio para ele (e para mim também depois), estava invisível aos meus olhos.
Eu não estava enxergando e ele me ajudou a enxergar.
E eu me senti grato porque a partir daquele momento eu conseguia explicar para outras pessoas e para mim mesmo uma coisa que estava na minha frente o tempo todo.
É interessante a gente pensar nisso: às vezes é necessário que a gente fale o óbvio ou confirme que todos estão vendo o óbvio para que a gente diminua o ruído da comunicação.
A comunicação é sempre um desafio e muitas vezes é porque a gente parte do princípio que todos estão enxergando as coisas da mesma forma ou enxergando aquilo que a gente considera óbvio.
Mas isso não é necessariamente verdade.
Logo, fazer um alinhamento do óbvio pode diminuir muito a nossa dor de cabeça e nos levar a um resultado muito melhor.